O croissant da Deli Paris, na rua Harmonia, Vila Madalena, deve estar entre os melhores de São Paulo.
Mas o serviço da Deli Paris, na rua Harmonia, Vila Madalena, certamente é um dos piores da cidade. Talvez o pior.
Conto nos dedos as vezes em que fui lá (dezenas!) e não saí irritado. As vezes em que, ao sair, disse para mim mesmo que não voltaria nunca mais.
Infiel às promessas, volto – e tenho novo dissabor.
Volto porque gosto do croissant. E porque fica no exato meio do caminho entre a escola de minha filha e meu trabalho. Ótimo lugar para um café da manhã.
Só que o café azeda quando tenho que esperar (muito) para ser atendido.
Quando o pedido vem errado ou quando o banheiro está (muito) sujo às 8 da manhã (por quê?).
Quando o atendente é grosseiro ou (muito) distraído ou quando a caixa tenta (de todas as maneiras) não emitir a nota paulista.
Quando o cachorro da mesa vizinha (cujo usuário parece amigo íntimo do garçom) bate o rabo na minha perna. Adoro cachorros, mas não quero um grudado em mim enquanto como. Nem o meu, que está deitado ao meu lado agora (afinal, estou escrevendo, não comendo).
Quando informam erradamente o preço do bufê de café da manhã para criança e você só descobre o correto (que é o dobro) na hora de pagar – e ainda tem que ouvir que a garçonete já tinha se dado conta do erro, mas não foi avisar na mesa para “não atrapalhar” a refeição…
Pois é, ontem descumpri de novo minha promessa e fui tomar meu cappuccino-com-croissant lá.
Mesa imunda. Passei um guardanapo e ele saiu cinza. Fiz meu pedido para o garçom sem uniforme e disfarçado de mano (moletom largo e caído, calça abaixo da linha da cintura, lenço que emulava o gorro).
Chegou o cappuccino, antes da toalha de papel. Pedi a toalha e ela até que não demorou. Claro que eu mesmo tive que arrumá-la.
E o croissant? Esse não chegava. Passou um minuto, passaram dois, passaram dez. Não adiantou repetir o pedido uma, duas, três vezes. O cappuccino, na minha frente, gelava, até se tornar um bom refresco, que não toquei.
Cansei, me levantei e fui embora. Na saída, parei um minuto e relatei o episódio para o chef, que, sortudo, tomava seu café da manhã. Para ele, tudo tinha chegado. Elogiei o croissant (pela lembrança que tinha dele) e reclamei de todo o resto. Prometi a ele que não volto mais.
Vamos ver se agora cumpro.