Por falar em sal, qual é o sal do Sal?
Sal Gastronomia é um pequeno restaurante que divide o espaço com a Galeria Vermelho, num trecho meio esquecido da rua Minas Gerais.
Tem jeito moderno, espelhos com desenhos nas paredes, a cozinha paralela ao salão – que ajuda a iluminá-lo. A brigada é simpática e capaz de explicar o preparo de alguns pratos. Chega a dar alguma receita aqui e ali.
O couvert é simples e essencial: cebola confit, sardella suave, galeto confit, manteiga ligeiramente adocicada, pães quentinhos. Vez ou outra aparece algo diferente. Chips de alho-porró, por exemplo. Tudo muito bem preparado e saboroso.
Os peixes das entradas são ótimos. O tartare de salmão traz inesquecíveis endívias aquecidas. Também deixa boas lembranças o atum cítrico com ovas, radicchio e laranja no molho de raiz forte com creme de leite diluído.
O menos interessante dos pratos principais provados foi o lombo de cordeiro com purê de mandioquinha (um pouco amanteigado demais), shitake e molho de jaboticaba (forte demais, encobre o gosto da carne).
Mas as aves e os peixes retomam o nível das entradas.
Dois patos ótimos. O magret, muito macio e saboroso, com cebola caramelada, purê de mandioquinha (de novo, desliza na manteiga) e banana-ouro. E o confit com batata (um pouco mais cremosa – logo, mais pesada – do que o necessário) combina o crocante e a delicadeza da carne do pato.
E os peixes, de novo, ficam no primeiro plano. O atum com crosta de gergelim, arroz negro e pupunha é fabuloso. Simplesmente fabuloso.
O salmão na crosta de pistache com risoto de grãos e aspargos frescos padece de excesso de cardamomo no molho. Mas o risoto, deixado num ponto um pouco anterior de cozimento para assegurar que fique crocante e “mastigável”, compensa qualquer coisa.
Para encerrar, um gostoso (embora excessivo) brigadeiro com castanha do Pará, sorvete de paçoca e calda de chocolate. Ou o sorvete de capim santo com limão, delicado e intenso. Ou, ainda, a sopa de frutas vermelhas com sorvete de zabaglione. Ou a melhor de todas: o charuto crocante de banana com sorvete de canela.
O café bem tirado (curto) arremata a refeição do restaurante que minha filha de nove anos elegeu como seu favorito.
O preço é justo e o serviço, quase sempre atento.
O sal do Sal é a cozinha bem concebida e bem executada por Henrique Fogaça e sua equipe.
Rua Minas Gerais, 350, Higienópolis, SP
tel. (11) 3151 3085
Como chegar lá (Guia 4 Cantos): Sal
Deixe um comentário