A SPRW está acabando. Nos despedimos dela ontem à noite, no Boa Bistrô.
O Boa é simpático e barulhento. Independentemente da SPRW. Também é quente em algumas mesas, como a nossa.
E é melhor que fique quente porque a alternativa é um ventilador, diretamente voltado à mesa. Duas vezes ligaram, duas vezes pedimos que desligassem antes que pães, pratos e gentes voassem.
Junto com um casal de amigos, tomamos uma das poucas opções de vinhos de dois dígitos da carta e comemos o ótimo couvert, com pães saborosos e crocantes, queijo temperado com wasabi e pasta de couve.
Na hora da comida, nos dividimos entre o gazpacho com lula sautée, melado e pimenta thai e a terrine de quinua com shitake e crocante de alho porró.
Boas, no gazpacho, eram as lulas, macias e delicadas. A pimenta estava desaparecida e a sopa propriamente dita, excessivamente ácida.
A terrine, bem preparada, tinha apresentação bonita, com cobertura de gelatina, mas pouco gosto. Quinua, afinal – essa mania que tomou São Paulo de assalto.
Na hora dos principais, provamos de tudo. Nossos amigos pediram o correto bife ancho com purê de batata com alho e saladinha de tomate e o espaguete com botarga. Corretos y no más.
Minha mulher e eu ficamos com o pintado com purê de banana, ervilha torta sautée e molho de limão.
E divergimos quanto ao resultado.
O pintado dela veio no ponto; o meu passou e já mostrava os sinais de enrijecimento de um peixe maltratado.
Ela também recebeu um purê uniforme. Eu, um encaroçado, com um pedaço grande e aparentemente esquecido de banana no meio (não acho que seja intencional; se for, não deu certo: ficou feio e estranho).
Perseguição?
Não, porque a ervilha torta – o melhor que tinha diante de mim – estava deliciosa para os dois.
E o molho de limão pecava igualmente pela acidez exagerada.
Para fechar, mousse de chocolate com gengibre. Boa textura e saborosa. Se o chocolate fosse amargo seria melhor. Se tivesse mais gengibre, melhor ainda. Mas estava boa.
Um expresso curto corretamente tirado e um serviço atencioso.
Foi o melhor da Semana? Não. Nem foi perfeito.
Mas tudo correu bem e todos, por ali, saíram satisfeitos (eu, um pouco menos, mas fazer o quê?). É a prova dos nove.
Rua Padre João Manoel, 950, Jardim Paulista, SP
tel. 11 3082 5709
Como chegar lá (Guia 4 Cantos): Boa Bistrô
14/03/2009 às 11:53
Ontem fui no Oba com meu marido e um casal, a comida estava saborosa.
Na entrada todos fomos de Tostada de pollo pibil, muito gostosa, bem executada num estilo bem mexicano!
No prato principal pedimos o Ragu de cordeiro e o Peixe Desejo, o Ragu estava otimo para o meu paladar e do meu marido, ja o casal nao gostou, o peixe estava ok, mas o vatapa nao me agradou, muito pesado!
As sobremesas estavam bem feitas, mas nada memoravel!
O problema foi as bebidas, cada um tomou 2 drinks, o que se tornou mais caro do que o menu todo, +- 20 reais cada!
Nao veio o Cofrinho para o Ação Criança, qdo perguntei a garconete falou que ja estava na conta…. ok entao, guardei minhas moedinhas!!!
14/03/2009 às 13:41
Carola
O cofrinho anda desaparecido. Não o vi em nenhuma visita.
Os complementos (couvert, drinks, bebidas, café) acabam mesmo superando o valor do menu. Também por isso acho a SPRW um bom negócio para os restaurantes.
No conjunto, seu relato do Obá coincide com o que vivemos em quase todos os restaurantes. Com uma exceção para melhor e outra para pior. Comida ok, correta, honesta, a preço bom, sem ser muito memorável.
Abraços!
17/03/2009 às 08:03
Identidade não é aquele cartão com fotografia ,data de nascimento ,nome dos pais e lugar onde nasceu?Brincadeira à parte, se alguém quer se aprofundar sobre um debate instigante em relação a “alma brasileira” ,recomendo um livro que nada tem haver com culinária ,mas quem for inteligente e tiver outras leituras certamente conseguirá fazer a ligação ,intitulado “Espelho índio-A formação da alma brasileira” de Roberto Gambini,vale a pena ser lido .Quanto ao pequi ,de fato não há razão para sua glorificação,mas um prato de pequis cozidos na água e sal e devidamente roídos é delicioso.
17/03/2009 às 11:17
Joaquim,
obrigado pelo comentário e pelas dicas (livro & preparo do pequi).
Vou atrás.
Abraços!
18/03/2009 às 20:27
Caro comilão primeiramente gostaria de te parabenizar pelo blog que é muito bem escrito.(apesar de eu achar que tu das muita bola paras asneiras gastronomicas do AA, mas ok).
Estou te escrevendo porque a cerca de um mes atras me deu uma vontade louca de comer a exelente comida do meu conterraneo Renato Carioni.Fui ate a sombria Barão de Tatui e percebi que a reforma do Così ainda não havia acabado, um pouco triste decidi então atravessar a rua e me contentar com honestissimo Le Tire Bouchon,e adivinhe oque? A razão pela qual eu tinha saido de casa estava cozinhando no concorrente, e por pura solidariedade pois o também muito talentoso Felipe Ferragout estava com caxumba.
Carioni estava ali só para executar o menu elaborado pelo seu confrade, mas para mim foi o suficiente para comfirmar mais uma vez que este jovem além de muito talentoso é uma grande e genora pessoa, o que acaba por se traduzir nos pratos que prepara, COMIDA com cara,cheiro e gosto de comida.
E é por isso que eu digo vida longa ao Così, na minha opinião sera o melhor restaurante Italiano da cidade.
abs
Marco
18/03/2009 às 22:28
Marco
Obrigado!
Ouvi ou li, em algum lugar, que o Così abrirá em abril. Aguardemos e torçamos. Os poucos meses da Famiglia Melilli sob o comando de Carioni deixaram saudade.
Um pensador francês do final do século XIX dizia, sobre educação, que não se ensina só o que se sabe; ensina-se o que se é. O episódio que você narra do Carioni no Tire-bouchon diz tudo e permite que parodiemos: não se cozinha só o que se sabe; cozinha-se o que se é.
Tomara mesmo que o Così corresponda às expectativas. Atualmente, meu italiano favorito é o Picchi. Mas nada impede que tenhamos dois favoritos…
Abraços!
31/03/2009 às 09:05
Caros colegas,
Para a alegria de todos, o Così abre suas portas hoje (31 de março), e pelo o que eu já pude ver e provar, sem dúvida será um sucesso. No entanto, para quem preferir tomar um bom vinho e comer feito rei, é só atravessar a rua e entrar na Le tire bouchon, pois o chef Felipe Ferragut já está de volta, aliás, acho que a caxumba até fez bem, pois ultimamente ele anda recebendo muitos elogios. Não sei como ele consegue de dentro de uma minuscula cozinha elaborar pratos com tamanha excelência, tanta que a gente até esquece dos vinhos.
Bjs
03/04/2009 às 21:06
Carla,
tudo bem?
Não sei bem por que, mas seu comentário foi parar nos spams. Só o vi hoje e o resgatei.
Ainda não fui ao Così e faz tempo que não vou ao Tire-bouchon.
Espero tirar o atraso logo.
Beijos!