Um restaurante que acaba de abrir tem que ser avaliado com muita cautela.
Afinal, muita coisa tem que ser colocada no prumo antes de vermos se ele vale ou não a pena, se tem futuro e razão de existir, ou não.
Apesar de sabermos de tudo isso, não resistimos.
Tínhamos acompanhado a reforma da casa que fica a uns trinta metros da entrada do nosso prédio e estávamos curiosos para saber do que se tratava.
Achávamos que seria um bar. Ontem, quando finalmente o vimos em funcionamento, percebemos que era um restaurante.
E hoje fomos lá. Segundo dia de funcionamento.
Não sabíamos o nome, a proposta, nada. Entramos, sentamos, olhamos o cardápio improvisado e só depois perguntamos como a casa se chamava.
Bola Preta, contou um garçom.
O nome meio estranho alude, nos explicou a gerente Rose, a um bloco de carnaval carioca.
Mas o cardápio, felizmente, não é carnavalesco. Prevalece um tom português, com vários pratos à base de bacalhau. O chef passou pelo Supremo e pela Casa Europa, de onde também veio o dono.
Pedimos bolinhos de bacalhau de entrada (3 reais cada) e, como principais, arroz de polvo (28 reais) e robalo no molho de limão (38 reais).
O garçom, após algumas conversas com um colega, voltou à mesa para explicar que o robalo vinha sem acompanhamentos. Parece que o Dalva & Dito está fazendo escola.
Então acrescentei ao pedido uma porção de legumes grelhados (mais 8 reais).
O vinho pedido, um italiano do Veneto (sem especificação de produtor na carta improvisada), não foi encontrado. Ficamos com um Alamos Chardonnay, em meio à lista composta basicamente de rótulos da Mistral e que tem um sobrepreço de cerca de 70%.
Os bolinhos eram gostosos e bem preparados, embora fossem bem pequenos e o gosto do óleo estivesse mais presente do que o desejável. Um ajuste que não deve demorar para ser feito.
Os pratos principais demoraram. Muito. Muito mesmo. Cerca de uma hora, até que perguntássemos o que estava acontecendo e soubéssemos que um erro do serviço fizera com que fossem servidos para outra mesa.
Restava esperar mais. Esperamos e, para tanto, recebemos (finalmente) os pães e azeite que havíamos visto nas outras mesas.
Quando vieram, estavam, no geral, bons. O polvo, muito macio e saboroso. O arroz era parco e muito úmido (sobrando muito caldo no fundo do prato). O tomate prevalecia na base.
O robalo (na chapa, e não na grelha como informava o cardápio) chegou no ponto exato: macio, tostado por fora e quase cru por dentro. Algo raro em São Paulo. Os legumes que o acompanhavam eram gostosos – principalmente a berinjela. Mas faltava o molho de limão que o cardápio prometia. Nem sinal dele.
Entre as sobremesas, preferimos o pudim de leite (correto e pouco doce, mas um tanto inexpressivo) e o petit gâteau com sorvete (gostoso, com sorvete sem graça).
No final, uma conta de 209 reais (três águas, além das comidas e do vinho).
Balanço geral? Alguns (e previsíveis) problemas. O serviço está mal informado do cardápio e bastante confuso. O pão do couvert, comprado na padaria que fica a um quarteirão do restaurante, é o pior da região. A cozinha cometeu um erro bobo ao não colocar o molho de limão no peixe – afinal, a única coisa que o acompanhava era exatamente o molho. E não tem sentido cobrar 38 reais por um prato que, na prática, é uma posta pequena de robalo levada à chapa com um pouco de sal. Por esse valor, o acompanhamento devia estar, obrigatoriamente, incluído.
O tamanho das porções, aliás, merece atenção. Elas são pequenas – menores do que as de casas que cobram o mesmo preço (ou menos) e oferecem a mesma (ou melhor) qualidade. Isso faz com que o preço final fique mais alto do que deveria.
Mas vale lembrar: hoje é apenas o segundo dia de funcionamento da casa.
O serviço certamente será afinado. O risco de erros – principalmente os que enfrentamos hoje – tende a diminuir e a cozinha provou que sabe executar.
Se o Bola Preta ajustar seu padrão de preço, então, poderá pegar. Tomara.
Assim nós teremos um bom restaurante a menos de 30 metros de casa. Uau!
Bola Preta
Na esquina da Rua José Maria Lisboa com a Alameda Campinas
Jardim Paulista, SP
23/03/2009 às 12:48
Bola Preta??? Isso é ironia sua ou do dono do restaurante?
23/03/2009 às 18:38
Pois é, Demian, o nome é esquisito mesmo.
Quando a moça nos contou ficamos um pouco espantados e ela se apressou em esclarecer.
Parece que tentaram outros (a começar por José Maria, o nome da rua), mas não puderam usá-los.
Quanto ao Bola Preta, ela falou que foi inspirado num bloco de carnaval do Rio.
Ela também nos falou que eles têm uma certa expectativa de que nome vai pegar: Bola Preta, Bola ou Preta.
Aguardemos.
Abraços!
24/03/2009 às 09:58
Tomara o nome não fique mais famoso que a comida.
Abraço
24/03/2009 às 11:40
Ricardo,
tomara mesmo.
E acho que a comida pode prevalecer, se considerarmos que nenhum dos problemas que enxergamos é muito difícil de resolver e, até hoje, a casa só funcionou dois dias.
Abraços!
24/03/2009 às 12:02
Pelo menos escolheram um bloco com nome legal.
Já pensou se escolhessem “Suvaco de Cristo” ou “Filhas de Chico”?
Um abraço!
24/03/2009 às 23:37
É verdade, Julinho!
Abraços!
27/11/2009 às 23:04
Moro na J. Eugenio de Lima e depois de 8 meses da inauguração fui conhecer o Bola Preta. Com os 2 pés atrás, claro.
O couvert é bem gostoso; o pão, que já tinha sido muito criticado, finalmente foi trocado por outro, italiano e de ótima qualidade.
Pedimos de entrada o que, para mim, foi o destaque da noite: panelinha de vieiras.
Fomos ao prato principal. Na dúvida, é sempre melhor optar pelo carro-chefe: arroz de polvo. Demorou um pouco a chegar, o serviço ainda tem o que melhorar. Mas a escolha foi certa. Estava fantástico. Meu namorado pediu um galeto com polenta que estava também muito gostoso. Os preços dos vinhos são justos.
Para finalizar, a sobremesa: taça cítrica. Uma mistura de frutas (cítricas, claro) com sorvete. Pouco doce, muito saborosa.
Gastamos R$140,00, com vinho. Excelente custo-benefício.
28/11/2009 às 09:39
Lourdes,
tudo bem?
Boas novas, então.
Nas três vezes em que fui, saí achando que a relação custo-benefício não era boa. Paguei mais do que isso por almoços apenas razoáveis e sem vinho.
Ótimo saber que melhorou. Voltarei.
Abraços!
06/03/2010 às 16:44
depois de alguns comentários sobre a qualidade dos serviços, resolvi experimentar.
Comentários:
-Serviço TOTALMENTE europeu, qualidade boa, serviço atencioso, pouca quantidade e preço alto.
– decepção total, ao sair, dei o ticket ao serviço de vallet, não sei por qual razão, pois ao me virar, meu carro estava estacionado a 10 metros, na zona azul, sem cartão de estacionamento, paguei R$ 10,00 para o vallet estacionar quase na porta do Bola Preta. Cartão preto…. NUNCA NAIS….
06/03/2010 às 21:14
Pedro,
tudo bem?
Coloquei um comentário outro dia sobre manobristas.
Teoricamente eles não pertence à casa (são tercerizados, etc.). Mas, na prática, a casa é responsável por eles. E sua má atuação respinga na imagem do restaurante.
Abraços!
12/03/2010 às 17:45
Alhos,
Vc conhece este chef Gustavo Rozzino ?
Como houve mudança, vou ter que visitar o Bola Preta novamente e vamos ver se dou sorte, depois do caso da Fraldinha !
Espero que tenham contratado um barista para tirar um bom café !
Quando vai ser o café Nespresso ?
Abs
13/03/2010 às 10:56
Luis,
tudo bem?
Soube dele apenas pela resenha do Américo.
Vou esperar um pouco para voltar…
Café, todo dia!
Abraços!