Temos um casal de amigos muito bacana. Pessoas adoráveis, inteligentes, boas de conversa. Encontramos pelo menos duas ou três vezes por mês, quase sempre para beber e comer.
E aí é que as coisas se complicam. Porque eles não admitem pagar demais por um jantar. Demais, no caso, é qualquer valor que ultrapasse uns oitenta – no máximo cem – reais por pessoa.
A melhor opção, então, é ficarmos aqui em casa e comermos a maravilhosa comida preparada pela minha mulher.
A segunda opção é pedir a clássica pizza – e, nesse caso, quase sempre temos sucesso e garantimos uma boa procedência.
Duro é quando eles insistem em comer outra coisa.
Ontem, por exemplo, vieram aqui para casa e queriam comer massa. Não tinham vontade de sair e não dava tempo para preparar. A solução? Pedir pelo telefone.
Ponderamos que, aqui nos Jardins, não há entrega de massa decente. Como não?, reagiram, Tem o Sargento e a Lellis.
Contra-argumentamos sem sucesso.
E lá veio a massa da Lellis. Um capeletti de recheio absolutamente inidentificável, cozido muito além do ponto e com um molho – bem, deixa para lá. Não dava para comer.
Melhor, o caneloni. A ricota era comestível. Mas o molho… Bem, deixa de novo para lá.
E um filé com brócolis e batatas coradas. Não sei se erraram na entrega ou se era assim mesmo. Uma milanesa sem gosto e gordurosa, coberta por um molho branco engrossado com (muita) maisena e… brócolis. Sei lá o que houve com as batatas.
E não foi a primeira vez. Já comemos, sempre com eles, massas e carnes da Giggio e do Michele. No mesmo padrão.
Eles sempre adoram. Nós, para não parecermos metidos à besta, silenciamos. Minha filha abandona logo o prato, minha mulher e eu nos entreolhamos e lembramos, silenciosamente, de tantas massas boas que há por aí: a do Picchi, por exemplo.
Eles vão embora e a dúvida fica: em que triste labirinto foi parar a comida de carregação das trattorias paulistanas? E como se justifica o gosto do paulistano por elas?
Sinceramente, não sei.
12/04/2009 às 21:03
Sinceramente ,não sei se seus amigos merecem todo esse esforço que vcs. fizeram .
13/04/2009 às 09:46
Comilão bom dia, tudo bem?
Nesta Páscoa você levou a paixão ao pé da letra.O Lellis já ruim ao vivo, entregando em casa então, deve ser o inferno de Dante, principalmente no estômago. Neste caso nem um Funai Platinum resolve, melhor sacar um Funai Spectrum, para programas que não são deste mundo.
Abraço
13/04/2009 às 10:02
Joaquim,
felizmente há jantares em que a comida é o que menos importa. Eles merecem tudo – e não conhecem o blog, por isso o relato.
Abraços!
Ricardo,
nem tinha me dado conta de que era sexta da Paixão… Mas há uma vantagem: poupar os olhos da decoração do Lellis.
Gostei do Funai Spectrum!
Para compensar, provei, na semana passada, o croissant da Fournil, que você indicou. É muito bom mesmo. Ainda vou escrever aqui sobre croissants.
E fiquei curioso para saber do ponto de cocção que a Talitha mencionou no bonito texto dela…
Abraços!
13/04/2009 às 10:29
Comilão.
Na verdade a procura do ponto de cocção do ovo poché ainda continua um Graal para mim. Eles tem ficado com um aspecto lastimável que não tem feito justiça ao esforço das galinhas nem dos granjeiros.
Abraço
PS: Os amigos são os irmãos que escolhemos.
13/04/2009 às 11:39
Ricardo,
você chegará ao Graal.
Fico na torcida.
Abraços!
13/04/2009 às 12:26
Comilão, realmente não entendo essa fascinação paulistana por massas muitos cozidas e molhos sofríveis e, a eterna mania dessas cantinas encharcarem as massas de molho.
Faria o mesmo que vocês, pois bons amigos valem o sacrifício.
Abs,
Daniela Fonseca.
13/04/2009 às 17:59
Daniela,
tudo bem?
Amigos valem tudo, claro!
Abraços!
14/04/2009 às 23:08
vcs deviam ter pedido o polpetoni do jardim di napoli, é gostoso. A massa não é muito, mas dos deliveries italianos é o melhor. E entrega nos jardins
bjs
15/04/2009 às 15:15
Obrigado pela dica, Fernanda.
Quem sabe na próxima?
Mas acho que vai demorar…
Beijos!
16/04/2009 às 10:59
Comilão, cheguei aqui pelo Papo de Boteco e me diverti muito com as suas andanças gastronômicas.
Creio que nossas filhas façam aula de teatro na mesma escola, se for em Higienópolis num lugar impossível de parar é a mesma.
Abs,
Daniela Fonseca.
16/04/2009 às 11:26
Daniela,
obrigado pelo comentário.
Será? Minha filha estuda, há cinco anos, na Casa do Teatro, da Ligia Cortez.
Abraços!
06/05/2009 às 14:38
A massa do Lellis tem tanto molho q fica parecendo um submarino, credo….
Qdo jantei lá, depois de umas duas horas comecei a passar mto mal… intoxicação alimentar!!!!
Fiquei intoxicada após jantar no Lellis…. não volto lá de jeito nenhum!!!
http://localdagula.wordpress.com
06/05/2009 às 18:16
Paola,
obrigado pelo comentário.
Pois é. Mas, olhe, teve gente que ficou intoxicada no Fat Duck…
No ano passado, minha mulher passou muito mal após comermos num celebrado restaurante italiano de SP. Enfim.
De qualquer forma, não se justifica. Nem explica a molheira desvairada e a massa molenga, molenga.
Abraços!