Muitas vezes temos preguiça de provar lugares novos. E com razão. De cada oito – indica a AlhoData – apenas um paga a pena.
Por isso a desconfiança se misturava com a curiosidade com que chegamos ao Roux, pertinho de casa. Chegamos, inclusive, cedo demais, e tivemos de fazer hora até o restaurante abrir.
Sentamos e recebemos o couvert. Manteiga temperada, azeite e três tipos de pão: um bolinho e uma trança adocicados e pão salgado. Bons, mas melhor foi a observação do garçom: os pães, as massas e os sorvetes são da casa. Depois ainda saberíamos que o couvert não é cobrado.
Alívios numa cidade em que trattoria que só serve massa seca ganha prêmio e onde pãozinho murcho e gelado com manteiga industrializada supostamente valem 10 ou 15 reais.
Pedimos a polenta com lagostim (uma entrada) para minha filha. Minha mulher preferiu o medalhão com molho de mostarda, batata com queijo no forno e legumes. Eu queria o ossobuco. Mas não tinha; então, fiquei com o lombo de leitão, acompanhado de torta de batata com alecrim, maçã caramelada e pimenta.
Não provamos o picci, massa que está presente em muitos itens do cardápio e que terá de esperar a próxima visita.
Os pratos, bastante fartos, vieram bem preparados e correspondiam à descrição do cardápio. Saborosos, com ingredientes de boa procedência e execução correta. Meu lombo levou o troféu de melhor prato da noite, embora o medalhão estivesse quase à sua altura.
A carta de vinho, com sobrepreço de 100-110% nos rótulos mais baratos, ofereceu um agradável cabernet sauvignon uruguaio, Cepas Nobles (72 na carta; 33 na importadora), que acompanhou bem nossos pratos.
O serviço é um pouco atrapalhado, mas educado e atencioso. O único deslize ficou por conta de não terem avisado que o prato de minha filha era apimentado – o que a levou a abandoná-lo. Na verdade, era o resultado mais fraco dentre o que provamos. Bom o ragu de lagostim, mas com polenta flocuda e fraca.
As sobremesas pedidas também não ficaram à altura dos pratos quentes. Os sorvetes, em que pese o voto de louvor por serem caseiros, eram medianos. Fraco, o de baunilha, embora feito de fava. Apenas razoável, o de chocolate branco. Bom, bom mesmo, estava o de cardamomo, que acompanhava e fez valer a pena a dacquoise de café, cujo pão de ló carecia de maciez.
Para fechar bem, café Illy, meu favorito. A conta ficou em honestos 218.
No teto, lustres bonitos sugeriam um estilo clássico atualizado. No conjunto, a decoração da casa segue a mesma linha e simboliza a comida do chef Arthur Sauer. Sem recorrer (com a graça do Altíssimo) a emulsões, esferificações e componentes sintéticos em profusão, pratica uma culinária de risco menor (mas nem por isso fácil) e bastante correta. Sabe ler e adequar receitas tradicionais, dá toques pessoais e mostra consistência. Promissor.
Ou seja, se seguirmos fielmente a proporção indicada pelo AlhoData, os próximos sete serão ruins… Tomara não.
Roux
Rua Ministro Rocha Azevedo, 1101 , Jardim Paulista, SP
Tel. 11 3062 3452
Como chegar lá (Guia 4 Cantos): Roux
29/06/2009 às 09:24
alhos, fui 2 vezes ao roux (muito perto de casa). A primeira foi por acaso e rápida, pois estavamos com nosso filho, que não nos deixou ficar muito no restaurante. Comemos bem na ocasião. Honesto, galeto gostoso e polvo tb. O arroz deixou a desejar. No dia só comemos isso. Depois fui com minha familia toda em um domingo. O serviço estava caótico apesar de simpático e não gostei da massa, muito mole e o molho de tomate parecia de caixinha. O ossobuco estava gostoso e bem temperado. Comi um crumble que estava ótimo, mas não combinou com o sorvete de chocolate, que estava um pouco inconsistente. Acho que são ajustes que ele deve fazer logo e tentar arrumar essa irregularidade (ai que preguiça…difícil….) mas o chef muito simpático. Depois de ler seu currículo confirmo minha tese que quando se é dono do restaurante e chef da própria cozinha, tudo se transforma e não interessa muito onde se trabalhou ou estagiou , é tudo bem diferente.
boa sorte ao roux
bjs
29/06/2009 às 10:47
Grande Alhos!
Conheci o Roux há pouco mais de um mês em um almoço de sábado e infelizmente minha experiência não foi tão boa. Consegui pedir o Picci com Ossobuco (que tinha no dia), que aliás, era minha escolha antes de ir ao restaurante, de tanto que ouvi falar do prato. A massa estava super cozida e com um molho muito sem graça, sem gosto. O ossobuco, apesar da aprência rústica e suculenta, estava muito salgado. Também não gostei das sobremesas.
Para não dizer que eu era o chato, uma mesa ao lado devolveu um prato, e outra estava reclamando da troca do acompanhamento que foi solicitada e não foi feita. O serviço, era mais do que atrapalhado, ainda precisa se acertar.
Ainda tenho muitas ressalvas quanto ao lugar. Vou dar um tempo e pretendo voltar para conferir.
Off-topic: conheci o Marcel no domingo e já virei fã.
29/06/2009 às 12:09
Olá Comilão, tudo bem?
Só para não ser tão pessimista, você sabe que existem as mentiras, as grandes mentiras e a estatística.Vai uma dica quem sabe você não quebra esta sequência? Nicota, rua Costa Carvalho 72, perto da Igreja da Cruz Torta. O Josimar classificou o lugar como bom, mas não tive o mesmo entusiasmo, quem sabe você não tem mais sorte.
Abraços
29/06/2009 às 15:38
Fernanda,
tudo bem?
Acho que é isso mesmo: bom projeto, que precisa de ajustes – no serviço e, aparentemente, na regularidade (vide o comentário do Gourmet Blasé).
Mas vi algumas semelhanças do Roux com o Sal, embora as casas estejam, obviamente, em momentos muito diferentes. O cardápio conciso e variado, a não-afetação, a definição de um estilo próprio sem se sujeitar a modismos, por exemplo.
Fiquemos na torcida.
Beijos!
Gourmet,
puxa, dos relatos que ouvi do Roux o seu certamente foi o mais negativo. Resta a esperança de que tenha sido ocasional e que o dia ruim (para você e para os vizinhos de mesa) não se repita…
Voltarei lá em breve e depois conto.
Quanto ao Marcel… Já falei tanto e falo há tanto tempo que fica repetitivo. É ótimo. Ponto.
Abraços!
Ricardo,
tudo bem?
O AlhoData já furou. No dia seguinte à visita ao Roux, fui ao Saj e comi muito bem.
Ainda não visitei o Nicota. Ouvi muitos relatos bem positivos sobre a casa. Espero ir lá nessa semana ou na próxima.
Abraços!
29/06/2009 às 18:16
Alhos, tb senti isso. Quando fui a segunda vez estava animada pois tinha achado a comida temperada (coisa tão difícil hoje em dia), bem feita. Acho que o ideal mesmo é começar bem pequeno, barato, sem grandes alardes para que os erros não causem tanto estrago. Eu não sou nenhum pouco nostálgica, apesar de admirar a história do sal dá uma preguiça de passar por tudo de novo…
bj
29/06/2009 às 19:43
Concordo, Fernanda
Itinerários profissionais são como filhos-bebês: é gostoso recordar, mas dá preguiça de recomeçar.
Beijos!
01/07/2009 às 10:34
Alhos, estive no sal e achei ótimo( apesar do Henrique não estar por lá!). Acabei de postar sobre !
Entrando na área dos restaurantes novos ( e velhos também), estas resenhas que todos fazemos são boas, mas você não acha que comida é tão pessoal e empática ( existe esta palavra ?) que toda essa conversa serve como base, mas o que será verdadeiro é a tua opinião sobre o lugar naquele dia já que toda a parafernália do restaurante tem que funcionar além do principal, o teu estado de espírito ??
Abs.
01/07/2009 às 11:18
Edu
Tudo bem?
Vou dar uma olhada lá. Uma das coisas de que gosto no Sal é a regularidade. Já fui lá muitas vezes com e sem o Fogaça e o nível se mantém.
Concordo plenamente com você. É ilusório supor que haja objetividade nessas avaliações. Há muita coisa em jogo e nem todas são perceptíveis a olho nu. Mesmo assim, acho que é possível, por meio de comparações e de análises regulares, chegar a uma noção bastante boa de cada casa.
Abraços!
01/07/2009 às 15:54
Alho, também acho e é por isso que faço este tipo de “coisa”!! rs
O que não pode e as vezes acontece, é esta opinião ser um fator que ponha a perder o investimento de alguém. Ou o que é pior ainda, um lugar que é ruim ser citado como ótimo mesmo com o “crítico” tendo absoluta certeza da ruindade!!rs
Eu tenho um critério: quando não gosto e só fui uma vez, não falo nada!!
Abs.
02/07/2009 às 07:25
Comilão, bom dia!
Do jeito que andam, as coisas estão cada vez mais pretas…….e brancas.
Abraços
02/07/2009 às 08:04
Edu,
acho que às vezes dá para comentar uma visita só. Com o cuidado, claro, de não ser leviano e de conseguir isolar alguns dos elementos ruins encontrados e entendê-los.
Abraços!
Ricardo,
prefiro quando o preto se combina com o vermelho – e ganha um toque lombardo.
Abraços!
02/07/2009 às 11:21
Alho, é claro que não estou falando do teu estilo. Cada um tem o seu.
É que por aí, não se percebe este cuidado !! E em outras vezes, o cuidado é exagerado!! rs
E estou com o Ricardo. Ainda bem que as coisas estão cada vez mais, pretas e brancas !!
Abs.
02/07/2009 às 18:49
Edu,
grazie.
Mas repito: preto combina melhor com vermelho.
Abraços!
03/07/2009 às 13:38
Não tivemos sorte no Roux (dia dos namorados, por sinal). Vários amigos já disseram que precisamo voltar e dar uma segunda chance. Nos disseram que não cobram rolha, o que é bom, achei Carta meio cara. Mas em um item, todos concordam, o serviço da casa é amador.
No Nicota, provamos apenas o menu executivo, o a la carte ainda não deu tempo.
abs
03/07/2009 às 16:12
Nina,
tudo bem?
Os relatos que tenho ouvido sobre o Roux são bem variados: de grandes elogios a tragédias.
Ilustram, acho, o itinerário de uma casa que acabou de abrir, com serviço atrapalhado e muitos ajustes por fazer.
Nós demos sorte. Jantamos bem – o chef não acompanhou o preparo porque, quando chegou, já estávamos no meio da refeição.
Acho que, de qualquer forma, a casa merece um crédito: pelo início, pela proposta, pela seriedade.
A carta de vinho tem, pelos meus cálculos, sobrepreço de 100-110% nos rótulos abaixo de 100 reais e uns 80% nas outras faixas. Mais ou menos o que é praticado por aí, com honrosas exceções (o Così, por exemplo).
Eles não cobravam rolha, mas parece que começaram a cobrar (20 reais) porque alguns clientes passaram a atravessar a rua e comprar vinho no supermercado.
Enfim, resta esperarmos e torcermos.
Abraços!
06/08/2010 às 16:20
Alhos, ainda não fui no Roux no jantar, mas estive recentemente no almoço. O cardápio do dia era o seguinte: de entrada uma salada com azeite balsâmico, nozes, queijo e mel; um filé com batatas ao murro de principal e sorvete de brigadeiro para fechar. Ainda melhor que a comida, foi o preço, virtualmente impossível de se encontrar em São Paulo: R$ 26,00.
Abraços, Lucas
07/08/2010 às 10:08
Lucas,
tudo bem?
Já li sobre o cardápio de almoço do Roux, mas ainda não o aproveitei.
É muito importante esse tipo de iniciativa. Tomara perdure.
Abraços!