Quando o Lá da venda abriu houve bastante alarido. Justificava-se: os ótimos livros de Heloísa Bacellar prometiam boas e agradáveis comidas.
Além disso, a proposta do lugar é genial: um pouco de tudo se acumula nas prateleiras, recriando a figura da venda de antigamente e associando gestos quotidianos à boa comida.
Demorei um pouco para ir e talvez minha expectativa estivesse alta demais, embalada pela celebração crítica. De seis meses para cá, fui meia dúzia de vezes. Em nenhuma delas saí satisfeito.
O primeiro problema foi um bolo de chocolate, promissor na aparência e na qualidade dos ingredientes. Mas o que me foi servido estava muito seco, esfarelava.
O segundo foi a torta de chocolate com banana. Interessante na concepção, só que excessiva, exageradamente doce.
O terceiro foi o pão de queijo, feito com queijo da Serra da Canastra e premiado, no ano passado, como o ‘melhor salgado de São Paulo’ pela Veja SP. Nenhuma dúvida de que é muito saboroso. O tamanho, porém, é exagerado e a consistência, massuda. Talvez seja o conceito — ok, aceito, mas pesa.
O quarto problema foi um pirarucu, prato do dia. Seco, muito além do ponto, insosso, abandonado antes da metade.
O quinto e desanimador problema veio com os cafés. Em seis visitas, tomei nove cafés. Todas as vezes — teimoso — insisti que queria ‘curto’. Nos dois últimos, insisti especialmente com o garçom. Não adiantou. Quase transbordando da xícara, o bom café Orfeu chega infalivelmente diluído demais para meu gosto.
O serviço é regularmente desatento, o que, claro, incomoda. Olhando de fora, parece haver uma certa confusão quanto ao posicionamento e aos papéis que cada um desempenha. Talvez seja só impressão, mas o resultado é meio caótico.
Uma pena. Primeiro, porque a competência de Bacellar é conhecida. Segundo, porque a ideia, repito, é genial.
Resta torcer para que a festiva recepção que a crítica dedicou, e ainda dedica, ao Lá da Venda não impeça a percepção dos problemas reais da casa.
E que tudo se corrija para que a casa venha a ser o que pode ser.
Rua Harmonia, 161, Vila Madalena, São Paulo
tel. 11 3037 7702
Como chegar lá (Guia 4 Cantos): Lá da Venda
05/03/2011 às 16:55
oi. acho complicado pão de queijo fora de minas. os que já provei tinham gosto, consistência e cor diferentes dos de lá. sempre. e só fui perceber qdo voltei a bh depois de muito tempo sem ir. na primeira mordida de um pão de queijo lá deu um estalo na minha cabeça e percebi que aquele era como os que eu comia qdo criança.
05/03/2011 às 16:57
Perfeito o texto, é uma pena mesmo pois a proposta é muito boa. Quando provamos o barreado estava bem insosso. O único item que me fazia voltar (só para sobremesa) era o manjar com sorvete de pitanga que infelizmente saiu do cardápio (deve ser sazonal). Um abraço!
05/03/2011 às 19:53
Tenho a mesma sensação que vc. A comida, o atendimento, o pão de queijo, o conceito. E acho meio caro também. Mas também torço (e acho que pode) melhorar. Fica na minha rua, entenda: quero muito que seja o máximo. bjs
05/03/2011 às 21:30
Raq,
tudo bem?
Não sou mineiro, logo não tenho como comparar. Pão de queijo bom, por aqui, é raro. Gostava do da Haddock Lobo, mas faz tempo que não vou lá.
Abraços!
Ana,
tudo bem?
Uma pena, não é?
Não cheguei a comer o manjar. Pelo visto, outra pena…
Abraços!
Roberta!
Sim, acho que tem toda condição de melhorar. Torçamos.
Beijos!
06/03/2011 às 12:38
ufa!
me sinto aliviado sabendo que você também teve experiências ruins nesse lugar!
fiquemos na torcida pra que as coisas melhorem por lá!
abração!
07/03/2011 às 17:40
Olá Comilão, tudo bem?
O pão de queijo realmente é grande, e sem dúvida nenhuma pesado, embora saboroso.
Abraços
07/03/2011 às 17:46
Concordo em gênero, número e grau com a crítica! Após visitar a casa duas vezes, causou estranheza o obaoba demasiado sobre um lugar recém aberto e com tantos problemas ainda a resolver…
No meu caso, na primeira ida, casa cheia (mas não muito), percebi muitos clientes em volta insatisfeitos com o atendimento ineficiente.
Na segunda, resolvi ir em horário alternativo, casa vazia, e para minha surpresa, péssimo atendimento novamente… o que me faz pensar qual critério maluco a Veja usou para premiar uma casa tão irregular ainda.
07/03/2011 às 18:24
Julio,
tudo bem?
Calculo que tenha condição, sim, de melhorar e se tornar o que todos querem que seja.
Abraços!
Ricardo,
tudo bem?
O sabor intenso do queijo chama atenção mesmo.
Abraços!
Marcelo,
tudo bem?
Uma pena.
O prêmio da Veja SP foi especificamente para o pão de queijo, que sem dúvida é saboroso.
E o serviço é mesmo caótico. Mais do que desleixo, creio que seja um problema de organização mesmo.
Abraços!
09/03/2011 às 00:58
Caros,
Acabei de bater no Alhos e Passas pelo google, procurando sobre o Pote do Rei. (Acabei de voltar dele.)
Escrevo não para comentar sobre este post em específico, mas para cumprimentá-lo(s) pelo blog, que é muito bem escrito e com matérias exatamente do modo que gosto: objetivas, diretas, francas e claramente pessoais.
Engraçado que, há algum tempo, penso em montar um blog para relatar minhas “aventuras gastronômicas” bem nessa linha, mas sempre sem coragem de enfrentar o compromisso que um blog representa. Que bom que vocês a tiveram (ou você a teve – ainda não entendi quem é que escreve exatamente)!
Abraço(s), parabéns e continue(m)!
09/03/2011 às 13:34
Tive a mesma experiência.
Fiquei sem-graça pois havia feito o maior alarde com “minha convidada”.
Direto da Alemanha para a Harmonia.
Um escondidinho neutro.
A sobremesa näo decolou.
O café aterrizou. O preço muito salgado.
E no fim, nem a loja conseguiu nos convencer depois dessa decepção.
Já os livros… säo o máximo! Perfeitos, minuciosos. Saborosíssimos!
Espero que o restaurante chegue às suas alturas.
09/03/2011 às 15:33
Renato,
obrigado pelo comentário.
Torço para que monte seu blog. Diálogos e trocas de experiência são o mais importante.
Abraços!
Cris,
tudo bem?
Infelizmente nossos relatos coincidem. Resta aguardar para que a cozinha do Lá da Venda chegue minimamente perto da qualidade dos livros.
Abraços!
10/03/2011 às 14:31
Incrivel , tanta gente descontente!
E eu também há tempos, me sentindo como um peixe fora dágua, afinal nunca gostei do lugar-sim a proposta é fantástica e só-e a crítica sempre elogiando tanto.
Cheguei a pensar que o preciosismo ou erro de julgamento era meu, eternamente encontrando defeitos em tudo inclusive nos itens a venda, caros demais, tentando agregar um valor inexistente.
Mencionar comida e café aqui seria redundante.
Mas devemos tirar o chapéu pra assessoria de imprensa…
Sou mais uma voz naquele coro que grita “que pena”!
Alhos, você foi certeiro.
Abraços
12/03/2011 às 16:33
Seis visitas e sempre com problemas? Vc é insistente, daria três chances para o lugar, no máximo!
12/03/2011 às 19:57
Kaki,
tudo bem?
Obrigado.
Acho que, além de boa assessoria de imprensa, a casa conta com boa vontade da mídia – da mesma forma que muitos restaurantes de SP contam e outros, não.
Nunca olhei preços dos itens à venda na parte da frente. Mas imagino que sejam altos, sim.
Enfim…
Abraços!
Semiramis,
tudo bem?
Várias dessas idas foram casuais, encontros e conversas marcadas.
A ideia não era dar mais chances, mas acontecia de eu ir… rs
Abraços!
17/03/2011 às 09:50
É uma pena mesmo, qualidade é tudo!
20/03/2011 às 17:35
Sem dúvida, Fábrica.
24/03/2011 às 11:26
Fiquei surpresa – e decepcionada tanto com o post quanto com os comentários negativos. Fui uma única vez e adorei o lugar. Era um domingo de manhã, estava com pouco movimento, mas o atendimento foi ótimo, o café, o pão de queijo e os bolos estavam deliciosos. Contei pra muita gente que gostei rs… Espero que seja um sinal de melhora…
A proposta da casa é bacana, tomara que esteja começando a funcionar.
Abraços e parabéns pelo blog!
24/03/2011 às 12:10
Carol,
tudo bem?
Experiências diferentes.
Tomara em breve todos tenhamos experiências parecidas, e sejam boas.
Abraços!
25/03/2011 às 17:21
Estive no Lá da Venda e tive exatamente a mesma impressão quanto ao pão de queijo. A crítica gastronomica de SP me parece mais coluna social do que qualquer outra coisa. Alguns se salvam, principalmente alguns blogueiros obscuros como você e o JB.
Abraço
26/03/2011 às 09:22
Marcelo,
tudo bem?
Discordo um pouco de você.
Acho que temos alguns críticos gastronômicos muito bons por aqui. Me agrada especialmente o trabalho do Arnaldo Lorençato, da Veja SP, e do Luiz Américo Camargo, do Estado.
Abraços!
26/03/2011 às 14:31
Com certeza o Luiz Américo está também entre os que se salvam, gosto muito do trabalho dele. Aliás, o Paladar todo nunca decepciona.
Abraço
26/03/2011 às 16:48
Concordo, Marcelo.
Abraços!
17/08/2011 às 21:59
.
e eu pensando ser critica demaiiisss!!! concordo e fico na torcida que tudo se resolva para nosso bem.
22/08/2011 às 10:03
Lucia,
tudo bem?
Tomara, tomara.
Abraços!
29/01/2012 às 12:58
É, parece que não estou sozinha. Experiência SOFRÍVEL!
http://aventurasgastronomicas.com.br/aventura-gastronomica/la-de-onde/comment-page-1#comment-7758
Ontem fomos ao ‘Lá da Venda’ minha mãe, meu marido e eu. Se você quiser ser hostilizado e mal atendido esse é o lugar. As proprietárias se comportam como leões de chácara, lançam um olhar persecutório e fazem caras de pouquíssimos amigos. Elas conseguem fazer você se sentir um intruso no local. O mal estar foi tanto que até cheguei a pensar que iam nos revistar na saída. Gente totalmente despreparada para estar à frente de um estabelecimento comercial. Não volto nunca mais!!!
03/02/2012 às 15:53
Tifany,
obrigado por seu comentário.
Não tive uma impressão tão ruim quanto a sua, mas acho de fato que a casa não oferece o que poderia oferecer.
Abraços!