Olho a mesa da copa e conto: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito.
Oito.
Oito pães. Duas baguetes, dois croissants de amêndoa e chocolate. E ainda centeio com castanha do Pará, linhaça com castanha do Pará, calabresa com Beaujolais, só centeio.
Pão demais para três pessoas comerem num só dia, ou dois.
No entanto, é inevitável. Inevitável desde que abriu a Julice. Eu — que nem moro tão perto — vou lá toda semana, às vezes mais de uma vez.
Invento todo tipo de pretexto para passar defronte, comer o brioche, o pain au chocolat, o de gorgonzola, o de açafrão e passas, tantos outros.
Ou acordo, nas margens da Paulista, e pego o carro para atravessar quatro quilômetros e tomar café da manhã lá.
No 7 de setembro, sem qualquer compromisso antes do meio dia, o despertador me acordou às 8 e fui comprar pão para começarmos bem o dia.
Obsessão, diriam os ingênuos.
Não é. Acontece que pão é coisa séria, bem séria.
Pão está na origem de tudo, simbólica e fundamentalmente.
Pão, que uns associam ao alívio da fome saciada e outros, à delicadeza, à profundidade do gosto, à textura, ao calor do forno e da alma.
O pão da Julice passou a representar tudo isso para mim, que vivo numa cidade cujas padarias viraram supermercados, se encheram de produtos desnecessários e esqueceram da qualidade de seu produto básico, essencial.
Nessa cidade, há uns meses, apareceu a Julice.
Não é, portanto, obsessão. Ou talvez seja. Aquele traço obsessivo expresso na ânsia de encontrar um croissant que de fato valha a pena, que faça lembrar croissants comidos em outras latitudes.
O prazer de comer um anacrônico panetone de agosto e descobrir, pela primeira vez em muitos anos, que ele não traz aquele insuportável cheiro de essência. Traz gosto e leveza.
Traço obsessivo — aquele que a vida aos poucos provoca no paladar da gente — de não querer mais coisas ruins ou sem graça, desnecessárias.
Obsessão do sabor.
Obsessão pelo pão da Julice.
Rua Deputado Lacerda Franco, 536, Pinheiros, SP
tel. 11 3097 9144 3097 9162
18/09/2011 às 11:23
mas bem que poderia abrir aos domingos, não é????
18/09/2011 às 18:56
Até ler seu post hoje, não tinha me dado conta desse mal das superpadarias. Elas vendem de tudo, mas os pães mesmo estão ficando cada vez mais fracos. Eu também me apaixonei pelo trabalho da Julice à primeira vista, mas por sabotagem ou masoquismo não voltei lá ainda. Vou me inspirar na sua disposição! hehehe
18/09/2011 às 19:46
De fato, a melhor padaria de São Paulo. Não deixo de ir toda vez que vou praí. E de quebra temos a simpatia e o profissionalismo da Julice e do marido dela. E uma surpresa pra mim: a Julice é ‘importada’ de Ribeirão Preto 🙂 Abraços!
18/09/2011 às 19:57
É simplesmente demais!
18/09/2011 às 20:28
Eliane,
tudo bem?
Concordo plenamente.
Abraços!
Lu,
muitas padarias de SP sequer fazem a massa do pão que vendem. Pode ser que seja uma boa opção empresarial, mas resulta em péssimos pães, infelizmente.
Abraços!
Luciana,
tudo bem?
Não sabia da origem ribeirão-pretana.
Os pães, maravilhosos.
Abraços!
Fernanda,
demais mesmo.
Beijos!
19/09/2011 às 09:53
Morei durante dois anos a dois quarteirões de onde hoje é a Julice, maldizendo quem quer que fosse por não ter um lugar para comprar um bom pão por perto. Quando abriu a Le Pain, na Pedroso, achei que a salvação tinha chegado. Estava enganada, é um restaurante (ruinzinho) que vende uns pães (comuns) na frente.
Aí a Julice abriu um mês antes de eu me mudar.
*suspiro*
Apaixonei – o que é aquela rosca de açafrão meu deus? Mas mas faço mais o tipo obsecada-preguiçosa. Sorte minha que fica mais ou menos no caminho entre casa e trabalho. Azar meu que no final do dia tem bem menos variedade…
19/09/2011 às 13:08
Ontem li e fiquei com uma baita vontade. Pelo visto vai ficar para o próximo final de semana…
Em princípio não tenho oposição a que as padarias aproveitem uma oportunidade e ofereçam conveniência aos clientes. Mas… desde que não descuidem do pão!! Senão não dá…
20/09/2011 às 17:24
vou à Vila Madalena só para comer os pães da julice!
alhos, esse seu espaço é o único blog relativo a restaurantes/comidas que não precisa recorrer a fotos para deixar todo mundo com água na boca.
abs!
22/09/2011 às 21:52
[…] se perderem em meio a tanta coisa ofertada, como diz com precisão o Alhos, Passas & Maçãs em texto sobre a Julice, em SP. daqui a pouco elas viram casas de sucos cariocas, como as que o Seth Kugel recomendou no […]
23/09/2011 às 09:28
Leticia,
tudo bem?
Sua definição é precisa: *suspiro*. rs
Abraços!
Sergio,
tudo bem?
Claro, podem vender o que bem entenderem, desde que o pão servido seja algo comestível.
Uma observação: a Julice não abre aos domingos.
Abraços!
Fábio,
tudo bem?
Muito obrigado. Taí um elogio que me deixa feliz. rs
Gosto dos blogs que usam fotos. Não as uso por dois motivos: em primeiro lugar, incompetência no manejo de câmeras. Em segundo, e mais importante, sou um sujeito por escrito.
Abraços!
2byfood,
tudo bem?
Certamente há outros bons endereços em São Paulo. Listei os que me agradam especialmente e aonde tenho vontade de ir quase todo dia.
Infelizmente só fui duas vezes a Belo Horizonte, sempre na correria, e o único restaurante daí que visitei (e de que gostei bastante) foi o Vecchio Sogno.
Abraços!
24/09/2011 às 09:29
Esta eu tenho que ir. E prometo dar o meu testemunho, já que poucas vezes vi/li tamanha unanimidade.
Abs.
26/09/2011 às 16:27
Edu,
tudo bem?
Tomara que goste.
Abraços!
28/09/2011 às 11:12
Alhos, que pena q ñ moro em São Paulo. Realmente, pão é coisa séria. Um bom pão alimenta o corpo e o espírito! Os donos de estabelecimentos devem deixar a preguiça de lado e investir nisso!
Os do Cafecito (um café em Santa Teresa, Rio) são sensacionais. Não são próprios, são de uma empresa pequena cujo nome me foge. Mas, fica a dica.
29/09/2011 às 11:56
Eugenia,
tudo bem?
Pão é essencial.
Quando vier a São Paulo, sugiro que conheça a Julice.
E obrigado pela dica. Quando for ao Rio, provarei.
Abraços!
29/09/2011 às 23:19
Alhos,
Durante 07 anos trabalhei em uma fábrica de pães alemães… lá de Contagem/MG. Pão de Centeio Helga Boger, a receita é quase artesanal e tudo feito com um carinho ímpar. Até hoje consigo sentir o cheiro do pão no forno… e mesmo assim nunca ficava enjoada… e hoje quando compro em SP nunca tem o mesmo sabor e o perfume do pão fresquinho.
Fiquei com vontade de conhecer a Julice.
Abraços, Adriana.
09/10/2011 às 17:41
Hummm, estou louca pra provar! Eu gosto muito dos pães da Marie Madaleine, vale a visita! Bjs
11/10/2011 às 08:38
Adriana,
tudo bem?
Desculpe-me a demora na resposta…
Cheiro de pão no forno é incomparável… Gosto também do cheiro da massa, durante o preparo. Anuncia o que virá.
A Julice vale a pena. Muito.
Abraços!
Patricia,
tudo bem?
Ainda não fui a Marie Madeleine.
Espero conhecer logo.
Obrigado pela dica.
Abraços!
20/10/2011 às 01:48
Me apaixonei pela Julice na semana passada. Meu filho se acabou no pain au chocolat. Eu, em um sanduíche divino e em outras delícias.
Fora o ambiente, super agradável, charmoso…
E isso deixa a Julice um passo adiante da P.A.O, que eu também adoro, mas às vezes é impraticável por seu ambiente diminuto. (Eu sei que há uma filial no Iguatemi, mas eu fujo de shoppings).
abs,
22/10/2011 às 16:49
Mariana,
tudo bem?
Gosto da PÃO, mas o lugar também me incomoda um pouco.
Abraços!
22/10/2011 às 17:06
Alhos,
Dizem que o brasileiro consome cerca de 45Kg de pão por ano. Eu posso afirmar, com convicção que consumo uns 60kg.
A Julice além de ótima profissional, é uma simpatia.
É um pecado chamar seu espaço de “padaria”. Vai muito além disso.
Pão de Gorgonzola, ameixa c/ chocolate, italiano de chocolate, nozes c/ passas, pain aut chocolate e croissant.
Sem comentários!
Viciei tb! =)
Abração! Blog ótimo!
23/10/2011 às 10:12
Melina,
tudo bem?
Não sei calcular meu consumo, mas certamente é alto. rs
Ainda não encontrei, na Julice, algo de que não tivesse gostado.
Abraços!
03/11/2011 às 13:54
Alhos, o nome do lugar que vende os pães do Cafecito é Canto do Pão. Vende pra outros locais também. Mas escuta, eu comi um pão incrível outro dia, no português Gruta de Santo Antônio, em Niterói. Especial mesmo. Fica a dica! Abraços.
04/11/2011 às 10:44
Eugenia,
obrigado! Quando puder, irei.
Abraços!