… queria que fosse agora.
Garrafa da suculenta Bamberg Weihnachts, almofadinhas de tapioca recheadas de camarão, pastéis de carne seca, bolinhos de feijoada.
Sábado, pouco depois do meio-dia.
Minha filha e eu saímos de casa há pouco mais de uma hora. Passamos pela livraria, compramos livros e mangás, caminhamos até Aconchego Carioca de São Paulo, nos sentamos.
Os pedidos deslizaram para nossa frente —também veio chá gelado e, depois, um chopp pilsen.
Frente a frente, o agora parece imenso, infinito.
Nosso cardápio não é só de comidas e bebidas; na conversa, percorremos nove anos —todo o tempo que ela viveu na atual escola.
Ano que vem, a escola será outra. Agora, fazemos o balanço dessa quase década: amizades, professores, aprendizados. Tudo que ela era, tudo que se tornou, o que virá.
Hora, hora e meia de conversa, perdemos a noção do tempo.
O tempo deixa de ser a sucessão com que sonham os relógios e volta a ser o que sempre foi, o que é originalmente: poroso, permeável, simultâneo.
Vivemos um pouco em 2003, em 2011, 2008, 2012, 2006. Idas e vindas, carrossel.
Não costumo frequentar bar, boteco. Sua informalidade e seus rituais de sociabilidade me desconfortam.
E não é a primeira vez que nos sentamos aqui. O Aconchego é relativamente perto de casa, viemos meia dúzia de vezes desde que abriu. Carta de cervejas maravilhosa, petiscos sensacionais. Talvez o único lugar, em São Paulo, onde se bebe chopp de verdade por 5 reais.
Acontece que, dessa vez, compreendi o significado de um bar. Relativamente vazio, dado o horário, recheado de lembranças, dada a vida.
Compreendi melhor a facilidade com que um bom bar suspende o movimento dos ponteiros e nos deixa acreditar que o mundo inteiro e todos os tempos podem se concentrar no agora. E viver, embora prossiga denso e perigoso, ganha suavidade.
Agora.
Aconchego Carioca — São Paulo
Alameda Jaú, 1372, Jardim Paulista, SP
tel. 11 3062 8262
ps. prometo, leitor, que em breve publicarei uma resenha de verdade, mais objetiva e formal, do Aconchego Carioca — São Paulo. Ela estava quase pronta, inclusive, quando voltei lá hoje e resolvi escrever esse texto. Ficará guardada, hora dessas publico.
01/12/2012 às 17:30
Prezado Alhos,
Incrível, mas sua descrição de bar esta perfeita, não faltou nada, sonho com um bar assim, completo com idas e vindas.
Abraços, e boa sorte a sua Filha na nova fase.
Dalmo
01/12/2012 às 21:18
bonito demais o post, nem me permite perguntar sobre a temperatura da cerveja, se o copo era o adequado, se os travesseiros de tapioca estavam com muita liga, ou se permaneciam crocantes, seriam questionamentos menores, parabéns e obrigado por nos permitir o contato ao post emocional antes da resenha objetiva.
01/12/2012 às 21:39
Belo texto Alhos !
Eu também adoro sair com minha filha e poder papear com ela indo em alguns lugares agradáveis.
É um privilégio !
Abraço.
02/12/2012 às 09:23
Dalmo,
tudo bem?
Obrigado.
Torcemos muito para que a mudança seja feliz.
Bar, para mim, é uma descoberta.
Abraços!
Raphael,
tudo bem?
Obrigado.
Estava tudo certo, felizmente.
Abraços!
Luiz,
tudo bem?
Obrigado.
Um privilégio, sempre.
Abraços!
04/12/2012 às 14:08
Ficarei com esta precisa descrição de bar. Já me convenceu que devo ir ao Aconchego Carioca. A minha pequena tem 10 meses, mas espero desfrutar de tardes de sábado parecidas. Com uma provável inversão de papéis: os mangás para mim e os livros para ela. Que sua filha adentre o ginasial (isso ainda existe?) cheia de vida e saúde. Lendo-o, sempre.
04/12/2012 às 14:54
As suas resenhas subjetivas me dizem tanto que eu nem sinto tanta falta dessa resenha objetiva que você prometeu aí no ‘ps’. Talvez o que o lugar foi capaz de te inspirar – levando em consideração as outras circunstâncias afetivas também, é claro – já seja um ótimo ‘atestado’ das boas possibilidades que teríamos por aí. Se a comida, se o atendimento, se a bebida estivessem ruins, ou boas porém com defeitos importantes, acho que o incômodo teria entrado no caminho dessa inspiração. Será?
Texto lindamente poético, valeu esperar e esperar e esperar ao longo desses quase dois meses sem posts por aqui. Tempo quase sempre é relativo.
09/12/2012 às 13:14
Rodrigo,
tudo bem?
Obrigado.
Essas tardes (e manhãs e noites) são maravilhosas.
Sorte para vocês.
Abraços!
Leticia,
tudo bem?
Obrigado.
Acho que sim. A ambientação, o contexto são essenciais.
Abraços!
12/12/2012 às 10:08
Alhos,
parabéns pelo texto, sempre excelente. Também, só de ler fiquei com muita vontade de experimentar a casa. Espero que também tenha uma experiência tão boa quanto a sua!
Aproveito também para parabenizá-lo pela filha e para desejar a ela muita luz na próxima etapa.
Um abraço,
Sérgio
12/12/2012 às 10:12
Sergio,
muito obrigado.
E tomara que as coisas corram bem por lá, como têm corrido para nós.
Minha filha quis muito essa mudança, lutou por ela. Torçamos juntos.
Abraços!
29/01/2013 às 14:01
chorei. ♥
29/01/2013 às 14:32
Beijos, Roberta.