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Por que voltar?

12/10/2009

Era domingo, minha mulher e eu sozinhos. Decidimos conhecer as novas instalações do Insalata. Impossível: casa lotada, espera de trinta minutos.

Subimos a Alameda Campinas de volta e entramos no Bola Preta, na esquina de casa. Nossa terceira vez por lá. Claro que a resenha simpática do Luiz Américo, dois dias antes no Guia do Estado, nos estimulou a voltar.

O couvert simples (4 reais) trazia abobrinha crua no azeite, azeitonas pretas, pão, manteiga e azeite. Pedimos dois bolinhos de bacalhau (3,5 cada), que confirmaram nossa impressão anterior de boa fritura (sequinhos, crocantes) e de pouco sabor.

Para principal, minha mulher escolheu o salmão com purê de mandioquinha (26); eu fiquei com o bacalhau à portuguesa (43). O salmão estava no ponto e era bom. Meu bacalhau e seus acompanhamentos careciam completamente de sal. Retemperei à mesa com sal e azeite e ficou razoável.

Nenhuma sobremesa empolgava e em casa tínhamos picolés Diletto: melhor caminhar vinte metros e pegar o elevador. Tomamos nossos cafés e fomos embora. Conta final de 110.

A casa tem diversos garçons, mas o serviço é desatento. Mais de uma vez, o senhor que estava na caixa percebeu nosso abandono e pediu que nos atendessem. Na hora de pagar a conta, após esperar e tentar em vão chamar a atenção da hostess (a cujos olhos éramos invisíveis), me levantei e fui direto ao caixa.

Saímos de lá com a mesma impressão das outras vezes. Não é ruim, não é bom. Dá vontade de voltar? Não. Por mais que passemos meia-dúzia de vezes, todos os dias, na porta.

E, mais do que o almoço, foi essa questão que ficou: o que faz um cliente voltar a um restaurante? Não vale dizer que é a boa comida e o bom atendimento. Primeiro, porque é óbvio. Segundo, porque nem sempre é assim que funciona.

Rapidamente repassei a lista de que restaurantes a que sempre quero voltar. Aqueles a que tenho vontade de ir toda semana. Depois, os que cogito ir mais ou menos uma vez por mês. Em seguida, os que me empolgam, digamos, a cada dois ou três meses, talvez seis meses. E aqueles que ficam meio esquecidos e aonde só volto por obrigação ou porque bate a curiosidade de ver como andam as coisas.

Dia desses, conto quais são. Uma pena que o Bola Preta, vizinhíssimo, não entre (ainda?) em qualquer dessas listas.

Bola Preta

Alameda Campinas, 1021, Jardim Paulista, SP

Tel.  11  2649 4840

Como chegar lá (Guia 4 Cantos): Bola Preta

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No segundo dia

22/03/2009

 

Um restaurante que acaba de abrir tem que ser avaliado com muita cautela.

Afinal, muita coisa tem que ser colocada no prumo antes de vermos se ele vale ou não a pena, se tem futuro e razão de existir, ou não.

Apesar de sabermos de tudo isso, não resistimos.

Tínhamos acompanhado a reforma da casa que fica a uns trinta metros da entrada do nosso prédio e estávamos curiosos para saber do que se tratava.

Achávamos que seria um bar. Ontem, quando finalmente o vimos em funcionamento, percebemos que era um restaurante.

E hoje fomos lá. Segundo dia de funcionamento.

Não sabíamos o nome, a proposta, nada. Entramos, sentamos, olhamos o cardápio improvisado e só depois perguntamos como a casa se chamava.

Bola Preta, contou um garçom.

O nome meio estranho alude, nos explicou a gerente Rose, a um bloco de carnaval carioca.

Mas o cardápio, felizmente, não é carnavalesco. Prevalece um tom português, com vários pratos à base de bacalhau. O chef passou pelo Supremo e pela Casa Europa, de onde também veio o dono.

Pedimos bolinhos de bacalhau de entrada (3 reais cada) e, como principais, arroz de polvo (28 reais) e robalo no molho de limão (38 reais).

O garçom, após algumas conversas com um colega, voltou à mesa para explicar que o robalo vinha sem acompanhamentos. Parece que o Dalva & Dito está fazendo escola.

Então acrescentei ao pedido uma porção de legumes grelhados (mais 8 reais).

O vinho pedido, um italiano do Veneto (sem especificação de produtor na carta improvisada), não foi encontrado. Ficamos com um Alamos Chardonnay, em meio à lista composta basicamente de rótulos da Mistral e que tem um sobrepreço de cerca de 70%.

Os bolinhos eram gostosos e bem preparados, embora fossem bem pequenos e o gosto do óleo estivesse mais presente do que o desejável. Um ajuste que não deve demorar para ser feito.

Os pratos principais demoraram. Muito. Muito mesmo. Cerca de uma hora, até que perguntássemos o que estava acontecendo e soubéssemos que um erro do serviço fizera com que fossem servidos para outra mesa.

Restava esperar mais. Esperamos e, para tanto, recebemos (finalmente) os pães e azeite que havíamos visto nas outras mesas.

Quando vieram, estavam, no geral, bons. O polvo, muito macio e saboroso. O arroz era parco e muito úmido (sobrando muito caldo no fundo do prato). O tomate prevalecia na base.

O robalo (na chapa, e não na grelha como informava o cardápio) chegou no ponto exato: macio, tostado por fora e quase cru por dentro. Algo raro em São Paulo. Os legumes que o acompanhavam eram gostosos – principalmente a berinjela. Mas faltava o molho de limão que o cardápio prometia. Nem sinal dele.

Entre as sobremesas, preferimos o pudim de leite (correto e pouco doce, mas um tanto inexpressivo) e o petit gâteau com sorvete (gostoso, com sorvete sem graça).

No final, uma conta de 209 reais (três águas, além das comidas e do vinho).

Balanço geral? Alguns (e previsíveis) problemas. O serviço está mal informado do cardápio e bastante confuso. O pão do couvert, comprado na padaria que fica a um quarteirão do restaurante, é o pior da região. A cozinha cometeu um erro bobo ao não colocar o molho de limão no peixe – afinal, a única coisa que o acompanhava era exatamente o molho. E não tem sentido cobrar 38 reais por um prato que, na prática, é uma posta pequena de robalo levada à chapa com um pouco de sal. Por esse valor, o acompanhamento devia estar, obrigatoriamente, incluído.

O tamanho das porções, aliás, merece atenção. Elas são pequenas – menores do que as de casas que cobram o mesmo preço (ou menos) e oferecem a mesma (ou melhor) qualidade. Isso faz com que o preço final fique mais alto do que deveria.

Mas vale lembrar: hoje é apenas o segundo dia de funcionamento da casa.

O serviço certamente será afinado. O risco de erros – principalmente os que enfrentamos hoje – tende a diminuir e a cozinha provou que sabe executar.

Se o Bola Preta ajustar seu padrão de preço, então, poderá pegar. Tomara.

Assim nós teremos um bom restaurante a menos de 30 metros de casa. Uau!

Bola Preta

Na esquina da Rua José Maria Lisboa com a Alameda Campinas

Jardim Paulista, SP