Na quarta-feira passada, minha filha fez onze anos. Trocamos a festa por um passeio; então, só restou um jantar aqui em casa, com os avós e duas amigas.
No lugar do bolo, ela quis seu doce preferido na versão favorita: o Mogador da Douce France, que é, na prática, uma combinação de pão-de-ló, mousse de chocolate e geleia de framboesa.
Três dias antes, domingo, fui até lá e fiz a encomenda, para dez pessoas, pagamento antecipado (109 reais). Doce caro, claro, mas que valeria a alegria da filha e o prazer da boa pâtisserie.
E às 18h45 da quarta o retirei, levei para casa e deixei na geladeira até as 21h30, final do jantar, quando cantamos parabéns e o cortamos.
Surpresa: mousse congelada, pão-de-ló ressecado, geleia gosmenta.
Minha mulher e eu nos entreolhamos; minha filha deixou mais da metade da fatia no prato; os convidados, elegantes, comeram até o fim o que lhes fora servido.
Dia seguinte, fomos passear e chegamos tarde em casa. Na sexta de manhã minha mulher ligou para a Douce France e falou com Odilon, o gerente.
Desconfiado, ele argumentou ser impossível que o doce estivesse nesse estado. Lembramos a ele que somos clientes desde a abertura da loja (morávamos praticamente do lado), que minha filha ia lá ainda bebê, que acompanhamos a gravidez da mulher do pâtissier…
O gerente então nos assegurou que verificaria com o chef o que podia ter acontecido e daria uma resposta no dia seguinte, sábado.
E assim passaram os dias até ontem, terça, quando minha mulher voltou a telefonar. Soube que o gerente não podia atendê-la e, por isso, deixou-lhe um recado, pedindo retorno.
Esvaiu-se a terça inteira e quase toda a manhã da quarta sem notícias. Foi quando cheguei à conclusão de que atenção ao cliente não era prioridade da Douce France e decidi relatar o episódio no blog — arcando com mais um custo, o da exposição de quem prefere ser anônimo. É que com aniversário de filha não se brinca.
Agora resta tristeza, sensação de desrespeito, desatenção. Desconsolo diante de uma casa que já foi boa, tornou-se irregular e chega agora, perante nós, a tal desfecho.
Disse uma vez e repito: blog não é instrumento de vingança. E tampouco é vingança o que quero. Na verdade, ao reclamarmos com o gerente, nem mesmo pretendíamos compensação financeira ou reposição.
Queríamos só alertar para o erro, desabafar, receber atenção e um pedido de desculpas. Mas este, ao que parece, não consta do cardápio da Douce France.