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Xô, Galinha!

05/10/2008

Às vezes, tudo dá errado.

Acabamos de votar e minha mulher sugeriu um franguinho grelhado do Galeto’s.

Por algum motivo, me lembrei do Galinheiro Grill e, pior, sugeri. Ela deu a estocada final: topou. Lá fomos nós.

Chegamos e ficamos uns dez minutos esquecidos. Então, o garçom começa a colocar os pratos sobre a mesa, suja.

Peço que limpe antes e recebo uma resposta azeda: só havia ele para cuidar de todas as mesas daquela sala, eu tinha que ter paciência.

Erro meu: como não percebi antes que estava sendo inconveniente? Onde já se viu querer que limpem a mesa antes de colocarem os pratos?

Mesa mais ou menos limpa, pratos dispostos. Fazemos o pedido. Uma salada média, um frango, uma porção de polenta, três sucos de lima da Pérsia. Polenta, esclarecemos, sem a montanha habitual de queijo ralado.

A salada demora, mas chega. Palmito, rúcula, agrião, tomate e cebola. Razoável. Não que valha os 31 reais, convenhamos. Por esse preço, podia ter pelo menos um molho.

A polenta demora e chega coberta de queijo ralado. O garçom diz que vai trocar. Demora e traz outra porção, sem queijo e encharcada de óleo.

O frango é que não vem. Não vem mesmo. O maître (ou algo assim: pelo menos tinha outro uniforme e mais autoridade) percebe nossa agitação e vem perguntar o que falta. Falamos da ave. Ele diz que vai ver.

E o frango não vem. Daí chega, com o comentário do garçom de que demorou porque estava sendo bem assado. Ah, tá.

Mas não estava. Veio meio cru.

Levanto, sob o olhar preocupado de minha filha, e vou falar com o maître (ou algo assim). Faço um breve histórico dos percalços. Ele ouve, pede desculpas e diz que vai trocar o frango.

E o outro frango não vem. A polenta, quase no fim. A fome, saciada com pão. A irritação, na contramão das bolsas, sobe.

Então a ave chega. Assada e coberta com o horrível tempero vermelho que tomou conta da cidade. Dá vontade de chorar. Mas apenas comemos. Pouco, bem pouco.

Minha filha come meia asa e desiste. Todos nós desistimos.

Pedimos a conta e que embrulhem o resto do frango. O garçom confirma se queremos mesmo “comprar a embalagem”. Queremos. Tem gente em SP que precisa comer algo, nem que seja essa comida. 80 centavos, a embalagem, que depois deixamos na mão de um pedinte.

O total da conta? Cem escandalosos reais. 2/3 do que se paga, por exemplo, no Sal Gastronomia ou no Picchi, se não tomarmos vinho. Com a diferença de que se come bem no Sal e no Picchi. E o serviço é decente.

Saímos de lá para não voltar. Na porta, a espera enchia a rua. Por quê? Acho que porque as pessoas gostam de comer mal e de serem mal tratadas. Não consigo achar outro motivo.

Na volta para casa, passo pela frente do Toro e do Maní. O coração aperta por lembrar como é bom comer bem e um olho enche d’água, talvez de irritação.

É, às vezes, tudo dá errado. E nem vou dar o endereço do Galinheiro Grill. Ora.

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