Entramos na doceria e pedimos dois sorvetes: um para mim, outro para minha filha.
– Como querem? – pergunta a moça.
– No copo. – respondo.
Sentamos numa mesa com minha mulher, que preferiu um doce.
Chegam os sorvetes, num copo de plástico mole, desses de água. A colher, pequena, quase não chega ao fundo dele.
Um pouco pasmos, tomamos.
Minha filha encontra dois belos pedaços de gelo: um no sorvete de baunilha, outro no de framboesa.
Para comprovar que a refrigeração anda com problemas, meu sorbet de chocolate 70% parece crocante de tanto gelinho.
Minha mulher, meio impaciente, se levanta e vai reclamar dos copinhos. Ouve:
– Foram eles que pediram.
Acabamos o sorvete e queremos café. Ninguém atende.
Doceria praticamente deserta. Cinco minutos se passam.
Minha mulher se levanta de novo e pede que alguém nos atenda. Demora só mais um pouquinho.
Ao pedirmos os cafés somos novamente acusados pelos copinhos:
– Pediram copos: são os únicos que temos.
Não adianta explicar que não cabe ao cliente conhecer os recursos da casa, mesmo se a freqüenta desde o exato dia da abertura e com boa regularidade. Ou que sorvete não pode ser servido em copo mole de água, nem com ordem presidencial.
Tomamos o café e vamos ao caixa pagar a conta. Mais demora.
E a conta inclui 10% de serviço.
10% em doceria, e com esse atendimento?
Saímos de lá sinceramente chateados. Gostamos do lugar.
Onde aconteceu tudo isso?
Na Douce France, que elogiei aqui mesmo, há dez dias.
Em bom português, I burned my tongue…