Pão é assunto sério.
Pão, no fundo, é tudo: está naquela lista dos alimentos vitais. Está no café da manhã, com manteiga e geleia, e está no fim de tarde, com a taça de vinho, o copo de whisky ou o drinque. Está no almoço ou no jantar, acompanhado de azeite e, conforme o caso, um tiquinho de sal. Ou —sem mais delongas— puro.
Porque pão, no fundo, não tem hora ou lugar: está no princípio, no meio, no fim. Resgata alguma sensação atávica de fome sentida e saciada, alguma memória involuntária de dias bem vividos.
Uma mordida e tudo se aquece: corpo, alma e arredores.
Desde que seja pão bom, claro.
E pão bom de verdade, em terras tupiniquins, é raro.
No meu aniversário, em maio, ganhei um ótimo pão, preparado por um amigo cultor e fazedor de pães de primeira. Durou três dias e, na última fatia, pensei comigo mesmo, enquanto uma lágrima corria pelo rosto: nesse ano não comerei pão igual ou melhor. Claro que o lamento foi menos importante do que a sensação de conforto e prazer ao mastigar aquele bocado.
Eis que um dia me deparei, no instagram, com certas fotos de pães.
Ok, leitor, eu também não acredito no instagram, nem na maioria das fotos de comidas que circulam por lá. Umas são horrorosas, outras são falsas. Umas são ostentação tonta; outras são deslumbre baldio. A maioria —também sei disso— é marketing mascarado e descarado.
Mas preferi acreditar naquelas fotos de pães. E procurei a padeira, uma moça chamada Flávia D’Angelo Maculan. Descobri como encomendá-los e consegui um: semolina e gergelim.
Extraordinário.
Troquei confidências com um amigo, que no mesmo dia experimentara um com nozes, e concordamos: aqueles pães eram a melhor notícia do mundo das comidas nos últimos tempos. Representavam um pouco de fôlego, o oxigênio na hora em que tudo parece irreversivelmente perdido.
Eram a simplicidade e a profundidade de que precisamos para viver. Eram o antônimo da afetação e da falsidade.
Rapidamente encomendei outros, igualmente sensacionais: nozes, multigrãos, azeitonas e o absurdamente bom, talvez imbatível, pão com polenta bramata, sementes de abóbora e alecrim.
Virou hábito regular e agora cogito requisitar um fornecimento vitalício.
Voltei, inclusive, a acreditar que o mundo talvez tenha salvação e o coração dos homens não esteja tão embrenhado nas trevas.
Esperança, enfim. Esperança com cheiro e sabor de pão.
ps. fundamental: Flávia Maculan (@fdmaculan no instagram ou fdmaculan@me.com) prepara os melhores pães de São Paulo —quiçá do hemisfério Sul e de boa parte do hemisfério Norte— na própria casa, em forno comum.
17/07/2014 às 17:52
caro, para encomendar tem que ser pelo instagram?
17/07/2014 às 17:53
Alhos , só uma pequena correção . O instagram é fdmaculan. abs , makamello .
17/07/2014 às 18:07
Roberto,
tudo bem?
Vou ver se ela autoriza a divulgação do email (é esse o caminho que uso) e, em caso positivo, coloco aqui.
Abraços!
[complemento posterior: Roberto, com aval dela, acabei de inserir o email no final do post]
Flavio,
obrigado: correção feita.
Abraços!
17/07/2014 às 18:15
São realmente extraordinários os pães da Flávia. O talento dela merece todos os reconhecimentos possíveis — e textos tão bons quanto este.
17/07/2014 às 18:16
Bronza,
quanto aos pães, de acordo.
Obrigado e abraços!
17/07/2014 às 18:46
Obrigado, Alhos! abração Marcelo
17/07/2014 às 18:57
Concordo, alhos!!! Sou uma eterna agradecida aos pães da Flávia pois me fizeram voltar a amar carboidratos, na sua melhor forma…
17/07/2014 às 19:20
Marcelo,
eu é que agradeço a leitura, ora.
Abraços!
Alessandra,
é isso. E sabor na sua melhor forma. rs
Abraços!
17/07/2014 às 20:42
Querido Alhos, em cada linha sua identifico o que eu mesma penso e sinto a respeito desse alimento tão fundamental. Acredite: esperança também foi o que senti ao descobrir as fotos dos pães da Flávia. E olhe que ainda não os experimentei. É bom haver no mundo gente como você e a Flávia pra nos alimentar, cada um a seu modo.
17/07/2014 às 21:29
Meu caro alhos, obrigado por fazer a ponte para a flavia. Vou tentar encomendar.
Abraco.
17/07/2014 às 22:16
Constance,
obrigado. Felizmente também existe você. E existe esperança.
Beijos!
27/07/2014 às 11:38
Muito obrigada por vc fazer parte de um mundo onde pessoas que adoram pães feitos com amor e dedicação encontram seu espaço e também por me apresentar a Fávia.Busquei ontem meu pão de polenta e outro com avelãs.Estavam quentes,perfumados,divinos .beijos
27/07/2014 às 15:16
Maria Angélica,
tudo bem?
Que bom que deu certo. Os pães da Flávia são mesmo excelentes e merecem todos os elogios.
Abraços!
06/02/2015 às 12:51
não consigo contactar a Flávia. Ela não tem e-mail? o meu é zmten@uol.com.br Gostaria muito de adquirir os produtos que mais amo na vida, PÃES. gRATO
06/02/2015 às 14:25
Zenon,
tudo bem?
Acho que Flávia está fora do Brasil. Torçamos para que volte logo.
Abraços!
06/02/2015 às 16:49
Obrigado