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Dois bares

27/01/2014

 

Dois bares.

 

Um fica na entrada de um restaurante razoável; outro, no andar de cima de um ótimo restaurante.

 

Um fica relativamente perto de onde trabalho e distante de casa; outro, relativamente perto de casa e distante do trabalho.

 

Num deles, os drinques são absolutamente sensacionais: do Negroni, cujo campari é envelhecido em bálsamo, ao Scofflaw, com xarope caseiro de romã; do Bloody Mary, com suco de tomate preparado lá mesmo, ao Gentleman’s Soul (Gentleman Jack, xarope de bordo, bitter Truth Peach, limão siciliano e toque defumado); do clássico Dirty Martini ao, digamos, aromático Penicillin. Todos precisos, perfeitos, impressionantes.

 

No outro, a carta de whiskies é excelente e os drinques são corretos, sem margem a grandes decepções ou exclamações: Whisky Sour, Porto tônica, Negroni, Old Fashioned, Dry Martini.

 

Num, há opções variadas de comida — sanduíche de porchetta e trio de sanduiches de vitelo empanado à frente. No outro, prevalecem pratos frios, com destaque para os bons sanduichinhos de ragu de javali.

 

Num, o salão é agradável e a música, para meu gosto, desagradável. No outro, a música é ótima e o salão é maravilhoso, com poltronas inesquecíveis — daria para morar lá.

 

Nos dois, o atendimento é atencioso, gentil, cuidadoso.

 

Não tenho dúvida de que prefiro a comida e os drinques do primeiro; não tenho dúvida de que prefiro ir ao segundo. E isso não é um paradoxo: o prazer de frequentar um lugar não depende apenas do que é diretamente servido.

 

Importante é que os dois são necessários para São Paulo, cidade tão maltratada, sobretudo por seus moradores.

 

Os dois são das melhores coisas que aconteceram por aqui nos últimos tempos.

 

Um é o Isola; outro é o Admiral’s Place.

 

 

 

Isola

Avenida Juscelino Kubitschek, 2014 (Shopping Iguatemi JK), Vila Nova Conceição, tel. 11 3168 1333

(na entrada do Tre)

 

Admiral’s Place

Rua Minas Gerais, 350, Higienópolis, tel. 11 3257 1575

(no andar de cima do Sal Gastronomia)

 

 

Cinco

25/01/2014

 

O Comida (Folha de S. Paulo) da última quarta-feira, dia 22/1, reuniu dicas de diversas pessoas, numa comemoração do aniversário de São Paulo.

 

Minhas dicas estão aqui, na versão abreviada pela edição do jornal.

 

Abaixo, o texto integral:

 

 

1.

Ali, na mesa para duas pessoas que fica ao lado da janela, com uma boa cerveja, um bom chopp e um prato de bolinho de virado à paulista na frente: o Aconchego Carioca-São Paulo não está no bairro do Paraíso, mas fica muito perto de meu paraíso pessoal.

 

2.

Ao contrário do que muita gente pensa, o Marcel não se resume aos suflês (embora eles sejam ótimos). Nas mãos de um dos grandes chefs de São Paulo, tem o menu degustação de melhor relação custo-benefício da cidade. E tem o incrível suflê (voltamos a eles…) de cupuaçu, que combina a tradição francesa com algo de Brasil.

 

3.

Repare na poltrona. Repare na música. Repare na, digamos, atmosfera. Repare: são raros os bares de São Paulo com o charme e o estilo do Admiral’s Place, que, com poucos meses de vida, já é clássico. E, depois dos whiskies e dos drinques, ainda dá para descer a escada e comer o nhoque de mandioquinha com ragu de javali do Sal Gastronomia, uma massa categórica e contundente.

 

4.

Uma entrada. Mas você pode pedir porção maior, como prato principal. Ou porção dupla, tripla, quádrupla. Porque a moela confitada com fígado de frango e uvas, flambados na grappa, não é apenas um dos melhores pratos da Tappo Trattoria. Depois que se come pela primeira vez, vira uma necessidade do dia a dia.

 

5.

Você tem um sake para chamar de seu? Eu tenho. Chama-se Nakadori Zaku Miyabino Tomo. Quem indicou foi o Alexandre Tatsuya Iida, mais conhecido como Adegão, da Adega do Sake. Bateu o olho clínico em mim e, paft!, sugeriu. Quando tomei, custei a acreditar: era uma versão minha, só que bem melhorada e engarrafada.