Entro na Julice. Doze pessoas na fila. Uma moça grávida, um rapaz com bebê de colo.
Espero pacientemente. Todos esperamos.
Sábado de manhã: inevitável esperar.
Eis que chega um chef de restaurante próximo, aparentemente amigo da casa. Ele abraça o caixa, segue até o fundo da padaria, conversa com a própria Julice por alguns minutos.
A fila anda, as funcionárias, pacientes, atendem, mas não dão conta.
Agora sou o quarto na fila e há três pessoas atrás de mim.
O chef ignora a fila e começa a escolher os pães. É prontamente atendido.
Indignado, desisto.
Ao sair passo pelo caixa e reclamo. Recebo um olhar de desdém e uma resposta inesperada: “Ai, querido, não dá para ver!”
Volto para a casa sinceramente chateado. Adoro os pães de lá, respeito muitíssimo o trabalho da Julice —já escrevi mais de uma vez sobre isso aqui no blog.
Resolvo relatar o episódio no twitter. Outros também reclamam do atendimento.
Então, o twitter oficial da padaria me responde e nega: não, o “chef” só foi cumprimentar os funcionários e depois entrou na fila. A fila é respeitada.
Esclareço que, lá, o chef não é chef; é um cliente comum.
E que não!, não foi assim. Ou a casa quer dizer que sou mentiroso?
Pior que o desrespeito é a tentativa de iludir o cliente.
Instantes depois, outro cliente que estava lá —o que tinha o bebê no colo— confirma, pelo twitter, minha versão e diz que, depois que saí, o caixa e o chef ironizaram minha reclamação e riram dela.
É a vida. Afinal, os privilegiados também sabem rir. Aliás, sobretudo eles.
Para os comuns, existem as filas (nem sempre respeitadas) e as redes sociais.
Dois adendos e duas conclusões (às 18h de 12 de março de 2012):
– o responsável pelo twitter oficial da Julice, em outro gesto pueril, parou de me seguir e de seguir várias pessoas que endossaram as reclamações;
– um amigo me informou que o caixa é também o gerente e o administrador do twitter oficial da Julice. Se a notícia se confirmar, todos os erros foram cometidos pela mesma pessoa;
– uma conclusão: o episódio aparentemente não provocou qualquer mudança na padaria; prevaleceu a disposição de desconsiderar a voz dos clientes, não assumir os erros nem responsabilizar os culpados por estes erros;
– outra conclusão: o assunto Julice se encerra aqui. Só voltarei ao tema se houver desculpas oficiais, reconhecimento dos erros cometidos e, dessa forma, possibilidade de diálogo adulto, sério e profissional.