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SPRW: Julia

06/09/2009

 

Há certos restaurantes que coloco na categoria “de segurança”. São aqueles aonde vou quando quero ter certeza de uma refeição prazerosa.

Alguns deles são muito bons e muito caros. Outros são muitos bons e com preços razoáveis. E outros dificilmente apareceriam nas listas dos melhores de São Paulo, mas sei que sairei de lá satisfeito.

Nem tinha pensado que o Julia era um destes quando fiz a reserva para provar o menu que ofereciam na RW. Muito menos supunha que enfrentaria três decepções completas ou relativas antes de ir lá.

E foi com as barbas de molho que saímos, ontem à noite, a caminho do Itaim.

Chegamos às 19h50 e a casa estava vazia. Por dois ou três minutos. Imediatamente chegaram diversas outras mesas, todas prováveis reservas para as 20. Numa delas, deficientes auditivos. Em outra, quatro casais que já haviam passado dos 70. O salão não lotou, mas ficou bem tomado.

Dispensamos o couvert e pedimos uma porção dos pasteis assados no forno a lenha: dois de pato com shimeji, um de galinha d’angola e outro de berinjela (em visitas anteriores, a berinjela vinha junto com queijo de cabra – e, apesar de eu adorar caprinos em geral, a combinação não funcionava). Todos bons e com aquele cheirinho de lenha que ajuda a temperar um petisco.

Perguntamos ao garçom sobre o molho de tomate picante que acompanhava a lula com polenta da entrada e ele se prontificou a mudá-lo para que minha filha pudesse comer o prato. E as lulas (que também comi, mas na versão original, picante) chegaram macias e saborosas. A polenta, ligeiramente grelhada, combinava bem. Uma delícia.

Minha mulher preferiu o pupunha na brasa com cogumelos, que estava igualmente bem preparado.

A dona e três garçons circulavam entre as mesas e atendiam com presteza. Na mesa dos velhinhos (ops, idosos), uma garçonete os chamava, com atenção e sem afetação, de “meninas” e “meninos” e cuidava para que não faltasse nada.

Minha mulher e filha preferiram, como principal, a tainha com crosta de ervas e legumes. O peixe, embora saboroso, estava mais passado do que deveria e havia excesso de pimentão entre os legumes. Mas nada que desqualificasse o prato.

Meu pernil cordeiro na lenha estava ótimo, acompanhado de purê de batata – não homogeneizado – com alho-porró.

Além das águas, bebemos um Le loup dans la bergerie, por honestíssimos 65 reais (10 a mais do que na importadora). A carta de vinhos, pequena, mas variada, merece destaque.

Dentre as sobremesas, a tortinha de cupuaçu com boursin era crocante e destacava o gosto da fruta (esse doce também já foi preparado com queijo de cabra, mas a cabra vencia o cupuaçu, desequilibrando). A torta de frutas era boa, y no más.

Fechamos com o bom café pessegueiro, num curto bem tirado.

Em bom português, Julia salvou a lavoura da nossa RW.

Não havia filas, sistema de reservas atrapalhado, gente alucinada para provar a comida.

Havia bons ingredientes, preparo cuidadoso, serviço gentil e disponível. E comida muito boa pelos preços reduzidos da RW.

Havia seriedade, honestidade e inteligência.

Julia

Rua Araçari, 200, Itaim, SP

Tel.  11  3071 1377

Como chegar lá (Guia 4 Cantos): Julia


Cadê a Julia?

04/10/2008

O Julia Cocina virou Julia Gastronomia. Isso já faz uns meses.

Curioso é que não tem mulher na equipe do Julia Gastronomia. Não podiam arranjar alguma Julia?

De qualquer forma, a casa se mantém estável.

O couvert é simples e gostoso, com seus quatro tipos de pão (sobretudo, o de milho), azeite, requeijão temperado e cristais de sal.

O forno de barro é uma atração. E os pastéis assados nele. O de pato com shimeji é o melhor. Porque, nos outros, o queijo de cabra é encoberto pela berinjela e a erva-doce nocauteia a galinha d’angola.

Aliás, a Julia-sem-Julia adora erva-doce, que também venceu (por pontos) o segundo round com a galinha d’angola, agora no prato principal. Essa galinha é um dos hits da casa e a carne é boa mesmo. Vem com farofa de pão e castanha, que podia ser mais crocante. E com berinjela (olha ela aí de novo, gente!) coberta por tomate.

O confit de pato com batata, shitake, endívia e pesto de figo parece misturado demais no cardápio. E é mesmo. O pato estava correto. A batata, idem. O shitake e o pesto de figo, inexpressivos. E as coisas não dialogavam lá muito bem. Mas valeu pela curiosidade de um prato que tem de tudo: carne, tubérculo, fungo, verdura e fruta. Por que não um grão?

Para a sobremesa, o garçom recomendou o bolo de chocolate com sorvete de maracujá. Dica boa. Principalmente pelo sorvete, feito na casa.

A torta de cupuaçu com queijo de cabra repetiu os problemas das entradas e dos pratos principais. Faltou equilíbrio e o queijo venceu, fácil, fácil. E o diálogo com o creme de goiaba que vem junto (não indicado no cardápio) também não aconteceu.

Uma taça de vinho de sobremesa acompanha a torta e cai bem, principalmente se você não pode beber porque tem medo de ser preso na volta para casa.

Café Pessegueiro, tirado com precisão, mas torrado demais.

Gostoso, o ambiente. Atento, gentil e simpático, o serviço. Nenhuma Julia. Será que se arranjassem alguma, superariam o desequilíbrio e a falta de diálogo?

O preço: 200 reais, um casal, à base de água. Está na média do que se cobra por aí. Alto, porque os restaurantes de São Paulo enlouqueceram.

Julia Gastronomia

Rua Araçari, 200, Itaim, SP

tel. (11) 3071 1377

Como chegar lá (Guia 4 Cantos): Julia Gastronomia