Fomos a uma exposição no Palácio dos Bandeirantes e, na saída, resolvemos almoçar na Casa da Fazenda do Morumbi, só mil metros acima do portão 2 da sede do governo.
Fazia tempo que não comia lá – um dos espaços mais simpáticos da cidade.
E a boa surpresa foi o atendimento, bastante gentil e atencioso.
Mas a comida, quanta diferença…
O couvert (gratuito) é simples e agradável. Recusamos o bufê (feijoada) e preferimos pedir pratos do menu. O maître franqueou a mesa de saladas do bufê, cujas endívias estavam frescas e a conserva de berinjela, saborosa.
Meu risoto de frutos do mar era correto e tinha azeite com manjericão na base – e não o habitual molho de tomate. Só que o preço (71 reais) é alto e faz com que esperemos mais.
O problema foi o faisão que minha mulher pediu. Segundo o cardápio, ganhava acompanhamento de risoto de peito de pato. Enquanto nos servíamos de saladas, o maître se desculpou pela falta do pato e propôs pupunha no risoto. Minha mulher topou. Fiquei quieto no meu canto, mas trocar peito de pato por pupunha…
Não sabíamos ainda que a troca seria a parte “menos pior” do prato. O faisão estava velho, rijo, provavelmente requentado. Vinha coberto de um molho de vinho que era tão forte que encobria qualquer outro sabor. E tão doce que podia ser servido como sobremesa. Para completar, trazia, de brinde, um bom pedaço de casca de noz.
Minha mulher se esforçou, mas não conseguiu comê-lo. Nem minha filha, que adora carne de caça. Chamamos o maître. Deixamos claro que não era uma devolução; era uma crítica. Que não pretendíamos trocar o prato. Ele, sempre atencioso e gentil, acatou a reclamação, desculpou-se e disse que não cobraria o prato.
Correto e profissional, mas a desgraça já estava feita. Ele ainda voltou à mesa, depois, para pedir mais desculpas e confirmar sua impressão, após provar o prato: “horrível”.
O garçom propôs que nos servíssemos gratuitamente do bufê de sobremesa (pudim de leite correto, no más, e pudim de clara ruim: muito doce e com textura inadequada) e nos trouxe o café.
A conta foi baixa: só cobraram o risoto, o suco que minha filha tomou e as águas.
Saímos pensando que um lugar bonito e gostoso, que cobra caro e oferece um serviço tão bem treinado e atencioso, só precisava de uma coisa a mais: boa comida. Mas isso não teve.
Avenida Morumbi, 5594, Morumbi, SP
tel. 11 3742 2810
Como chegar lá (Guia 4 Cantos): Casa da Fazenda do Morumbi
02/02/2009 às 15:46
Boa tarde tudo bem?
Depois do post anterior ir a Casa da Fazenda Morumbi, e imaginar que vai almoçar razoavelmente é querer abusar, não diria da sorte, mas dos sentidos. Adaptando uma frase dita para os vinhos: “Uma boa comida transforma um lugar feio, fica até folclórico, mas um lugar bonito, atencioso e caro não transforma uma comida ruim”.Bom regresso.
Abraço
02/02/2009 às 17:58
Que ótimo que voltaram!!!Estou cansado de blogueiros fazendo críticas e não sabendo diferenciar cocções, não conhecendo sobre o produto criticado.Todo mundo virou crítico!!!Não aguento mais ler tantos equívocos…Então pedem desculpa e tudo bem….Vão estudar!!!
Abraço
02/02/2009 às 18:56
Ricardo,
tudo bem?
Olha, já fiz boas refeições na Casa da Fazenda. Nada que se equipare ao que temos de melhor em SP, mas comida honesta e bem preparada.
Foi uma má surpresa ver o aumento nos preços e o terrível equívoco no preparo do faisão.
Na verdade, só ao sairmos nos lembramos de uma sugestão que o Anthony Bourdain faz num de seus livros: nunca peça um prato que não deve ter muita saída no restaurante. Por motivos óbvios. Ele fica lá esquecido. Acho que o faisão se encaixava nessa categoria.
Abraços!
02/02/2009 às 18:58
Ricardo,
tudo bem?
Obrigado, mas… Não somos críticos (o plural é porque você o usou – e usou corretamente: só eu escrevo, mas nenhuma avaliação sai sem o crivo, exigente, exigentíssimo, de minha mulher, uma tremenda cozinheira). Gostamos de comer, apenas.
Esse blog, inclusive, nasceu entre amigos, para partilharmos nossas experiências. Depois, por algum motivo, começou a ter mais acessos. Bacana, mas isso não nos torna críticos. Minha profissão e a de minha mulher, inclusive, não têm nada a ver com gastronomia.
E lhe peço um favor: se algum dia notar algum desses equívocos neste blog, me avise!
Abraços!
03/02/2009 às 10:20
Bom dia, tudo bem?
Não entendi a resposta ao meu xará escrevendo que não é crítico. O que é então? Aliás não vejo problema algum sê-lo, afinal o blog é opinativo, ou não?. Quanto escrevi o texto acima, apenas concordei com o seu ponto de vista, ou crítica, sobre o estabelecimento. Almocei um vez lá e tive a mesma sensação. Parece que você as vezes não sente-se a vontade quando se concorda com algumas de suas críticas e a resposta fica um festival de panos quentes. Ok é sua postura e respeito e não é por causa disto que vou deixar de lê-lo.
Sds
03/02/2009 às 14:26
Ricardo,
tudo bem?
É verdade: pode ter ficado ambíguo. Esclareço, então.
Meu pudor em me dizer crítico gastronômico é pelo fato de que respeito muitíssimo a crítica. Até porque sou crítico… embora não de gastronomia.
E sei o quanto é preciso estudar e explorar e pesquisar e testar antes de se dizer “crítico” de alguma coisa. Sei o quanto gramei, durante vinte e tantos anos, antes de me sentir à vontade para dizer que sou crítico.
Daí meu pudor. Daí eu considerar que críticos gastronômicos são o Arnaldo Lorençato e o Luiz Américo Camargo, para citar duas pessoas que respeito na área gastronômica e cujo trabalho é evidentemente sério e competente. Eles estudam feito loucos, conhecem bastante. Podemos ou não concordar com a opinião de um ou de outro, mas temos que reconhecer a qualidade e o profissionalismo.
É isso. E é por isso, também, que prefiro me dizer um comilão.
Agora, achei curioso seu comentário sobre os panos quentes. Não tinha pensado nisso, não tinha percebido. Vou tomar cuidado. Na verdade, o que certamente sempre tenho é uma vontade de relativizar as coisas: outro vício de crítico, marcado pelo temor de não ser (nem parecer) arrogante ou dono da verdade. Mas ficarei atento para não “ficar no muro”.
E, claro, continue a ler o blog. Melhor ainda: continue a deixar comentários.
Abraços!
03/02/2009 às 15:02
Caro Comilão,
Pelo pouco tempo que leio o blog, não percebi, em nenhuma das vezes, soberba em seus comentários. Os comentários são diretos, bem humorados, mesmo quando descrevem situações ruins. Deixa-me a impressão de que realmente é uma pessoa que gosta de comer e compartilhar o que vivenciou de maneira simples. Aliás Luiz Américo escreveu um post muito legal sobre isto com o título “sobre gostos e sabores”.
Abraços
04/02/2009 às 09:41
Olá, td bem? É engraçado como as pessoas não aguentam consumidores que se acham críticos e quando encontram alguém que relata suas experiências em restaurantes, com vinhos, comidas e tudo o mais com respeito e cuidado é confundida com panos quentes.
Não concordo com isso, adoro o blog justamente por ser delicado e gostoso de ler.
bjs
04/02/2009 às 11:37
Ricardo
Obrigado. Gosto mesmo de comer. Efeito notável (e lamentável) é que tenho engordado. Preciso me cuidar…
Li o comentário do Américo. É mesmo muito bom.
Abraços!
04/02/2009 às 11:40
Fernanda
Obrigado, também.
Mas não briguem, não… (haha: olhem os panos quentes, de verdade).
Beijos!
04/02/2009 às 12:43
Caro Comilão,
Parece que não ficou entendido pela Fernanda e talvez por você. Quis dizer panos quentes na sua resposta, não nos comentários.
Sds
04/02/2009 às 14:09
Fernanda, o que não dá para aguentar é crítica sem critérios, ou se preferir,dizer o que não sabe.Os comentários do blogueiro, até agora, passaram longe disso.
abraço
04/02/2009 às 15:23
Ricardo,
entendi, sim,
Estava só brincando, numa espécie de auto-ironia.
Abraços,
Júlio
01/12/2009 às 06:39
Deixa de ser pernóstico, Ricardo Reno, e não seja grosso de chamar de Comilão quem não está falando de assalto à geladeira, ou de como detonar rodízios.
O assunto é pertinente, porque dá mostra do funcionamento de um serviço a la carte, em um restaurante que muita gente não quer se arriscar sem ouvir a experiência de outros.
Como você não comentou nenhum prato presume-se até que nunca esteve lá.
01/12/2009 às 07:45
Roberto,
o Ricardo é um querido e habitual comentador aqui do blog.
O espanto dele – suponho – foi uma brincadeira.
Ele me chama de comilão por conta do subtítulo do blog. E reconheçø: sou mesmo. rs
Abraços!