Uma semana de sofrimento, às voltas com o imposto de renda.
Nada complicado para fazê-lo. Apenas a velha e intensa sensação de injustiça. Assalariado pena.
Se tem mais de uma fonte, então, mais ainda. Se tem quatorze, mesmo que só uma ou duas tenham de fato significado financeiro, nem se fala.
Salário – todo mundo sabe – não é renda.
Mas, no país de Macunaíma, muito estudo e muito trabalho têm que ser punidos exemplarmente.
E não importa, claro, se você gasta quase tudo com assistência médica, escola da filha, condomínio e assemelhados. Está frito.
Uma hora desisto. Sei que tenho que cumprir a lei. E a formação que recebi, pela ascendência prussiana materna e luso-indígena paterna, nunca tolerará qualquer burla.
Então, fecho a declaração e a transmito para a Receita.
O que resta – além da depressão?
Saio para pegar minha filha na aula de teatro, estaciono o carro.
Tramo a vingança e a redenção.
Entro na Barcelona, peço 150 gramas de Pata Negra e outros 150 de San Daniele. Bem fininhos.
Por incrível que pareça, esqueço de comprar pão.
Me dou conta da falta na rota para casa. Passo pela Pão, na Bela Cintra, e pego um enorme pão italiano, com 30% de grão integral.
Chego em casa e abro um livro, enquanto espero Lia tomar banho e fazer a lição de casa, Gi parar de trabalhar e vir para a sala.
Enquanto isso, leio – primeiro grande remédio contra a angústia fiscal.
Depois, todos a postos, um bom vinho. Tinha pensado no Travers de Marceau do Domaine Rimbert (que já foi comparado – disse o Luiz Horta – ao Cirque du Soleil!).
Mas, quando abri a adega, uma garrafa de Bergerie de L’Hortus, um Pic Saint Loup/Languedoc, que ainda nem tinha provado, me sorriu. É ele.
O que faz você feliz? – pergunta uma campanha de supermercado.
Na mesa, nós três. Com o Pata Negra, o San Daniele, o pão italiano e o Bergerie.
Muita conversa, risada, comentários sobre o dia, idéias sobre o resto da semana e o feriado iminente.
É isso que pode nos fazer felizes.
Até para esquecer que, observados de gabinetes soturnos e dos currais da política, vivemos num país que nos maltrata.
02/04/2009 às 13:35
Olá meu caro prussiano-luso-indígena (tem hifén?)tudo bem?
Millôr Fernandes costuma dizer que as principais formas de governo são as ruins e as muito piores.
Abraço
PS: Experimentou o croissant?
02/04/2009 às 14:03
Ricardo,
ainda não.
Mas da próxima semana não passa.
Abraços!
03/04/2009 às 21:46
uma copa lombo que acabo de experimentar aqui no sal, nas experiências do Henrique. Estava Divina. Isso me faz muito feliz!
04/04/2009 às 07:40
Fernanda,
o que é copa lombo? Aquela parte final, perto do pescoço?
Se for, acho que só comi uma vez, em Portugal, e faz tempo.
Vai entrar no cardápio?
Beijos!
04/04/2009 às 13:39
é isso mesmo…foi cozida durante 4 horas no forno. Ela fica bem macia, desmanchando. Acho que vai entrar sim, ele tá decidindo o acompanhamento, acho que quiabo, tomate assado, não sei direito se uma farofa com maçã…vamos ver.
bjs
04/04/2009 às 15:59
Oba, fico na espera de que entre no cardápio.
Beijos!
05/04/2009 às 22:44
levei uma bronca, ela não foi cozida, foi assada no forno…quando estiver redondinha te aviso
bjs
28/04/2009 às 22:01
Olá. Gostei muito do seu Blog. Vou colocar no meu.
Parabéns!
Abraço,
Rubén Duarte
Wine Broker
28/04/2009 às 23:27
Obrigado, Rubén.
Sou freqüentador de seu blog, também.
Abraços!